Os mais de 250 mil documentos descobertos pela organização Wikileaks mostram que o rígido e fechado regime político do Irã aliado ao desenvolvimento de seu programa nuclear têm despertado medo em alguns países árabes, como a Arábia Saudita e Egito, e em Israel, que pediram ajuda dos Estados Unidos para conter o país.
De acordo com mensagens divulgadas pela imprensa neste domingo (28/11), o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, escreveu a Washington em maio de 2009 para dizer que o mundo tinha de seis a 18 meses “para parar o Irã na aquisição de armas nucleares” e que “qualquer solução militar resultaria em danos inaceitáveis”.
Leia mais:
Justiça da Suécia confirma ordem de prisão para fundador de Wikileaks
Análise: Uma guerra ao Wikileaks?
Justiça sueca retira ordem de prisão contra fundador do Wikileaks
ESPECIAL: Escândalo do Wikileaks reativa debate sobre a guerra no Iraque
Eleição legislativa nos EUA pode mudar os rumos da política no país
Documentos dos EUA revelam mortes de civis e missões secretas no Afeganistão
Wikileaks: Militares dos EUA mataram 680 civis iraquianos em postos de controle
Seis meses depois, foi a vez do rei do Bahrein, Shaikh Hamad bin Isa Al Khalifa. Para ele, o programa nuclear iraniano “tem de ser parado”, segundo mensagem de um funcionário diplomático. “O perigo de deixá-lo seguir em frente é maior do que o risco de interrompê-lo”, disse o rei.
Reprodução
Cópia do documento divulgado pelo jornal The New York Times, enviado pela Embaixada de Manama, capital de Bahrein
Embora o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, garanta que o enriquecimento de urânio em seu país tenha fins pacíficos, como a produção de energia e tratamentos médicos, a comunidade internacional afirma que o verdadeiro objetivo seja o de produzir a bomba atômica. Essa suspeita é compartilhada também pela Arábia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo e principal potência econômica entre os países árabes.
Segundo o Wikileaks, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, insistiu para que os norte-americanos atacassem a república islâmica para acabar com o programa nuclear.
Relatórios de embaixadores dos EUA no Oriente Médio informam que o rei “pedia frequentemente para atacar o Irã e colocar um fim em seu programa de armas nucleares”, em uma ação para “cortar a cabeça da cobra”. Segundo o documento, o trabalho conjunto com Washington para conter a influência iraniana no Iraque “era uma estratégia prioritária para o rei e seu governo”.
Em uma mensagem dirigida à secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton, o embaixador dos EUA em Riad, James Smith, disse que o rei Abdullah ameaçou o general James Jones, do Conselho de Segurança Nacional, dizendo que se o Irã conseguir desenvolver armas nucleares, “todos na região farão o mesmo, inclusive a Arábia Saudita”.
Já o Egito, tem “ódio visceral da república islâmica e frequentemente se refere aos iranianos como mentirosos e os acusa de desestabilizar o Egito e a região”, segundo a embaixadora norte-americana no Cairo, Margaret Scobey, em um relatório enviado à Hillary em fevereiro do ano passado. Para Margaret, “não há dúvidas de que o Egito considera o Irã a maior ameaça em longo prazo por sua capacidade nuclear, como por sua intenção de exportar a revolução xiita”.
Outros países vizinhos fizeram críticas ao Irã e mostraram cumplicidade com a política de sanções para tentar enfraquecer o país.
Para alguns vizinhos, como Omã, o Irã não é uma ameaça, pois conhece seus limites. “É um país grande, com músculo, e devemos tratar com ele. Omã nega que o Irã represente uma ameaça direta à segurança nacional”. Nas mensagens, o Catar, que tem uma reserva de gás natural compartilhada com o Irã, disse que “não provocará um enfrentamento” e se ofereceu para mediar um diálogo.
Ao todo, 251.287 mensagens foram interceptadas até fevereiro de 2010 e, em sua maior parte, faziam referência a assuntos polêmicos da diplomacia mundial dos últimos dois anos.
O Wikileaks entregou os documentos aos jornais The New York Times (Estados Unidos), The Guardian (Reino Unido), El País (Espanha), Der Spiegel (Alemanha) e Le Monde (França).
Siga o Opera Mundi no Twitter
Conheça nossa página no Facebook
NULL
NULL
NULL