Em meio à crise política de seu governo, o presidente peruano, Pedro Castillo, descreveu nesta quarta-feira (10/08) como “ilegal” a operação de busca no Palácio do Governo conduzida por uma equipe do Ministério Público na última terça-feira (09/08). A ação foi realizada por policiais que estavam atrás de Yenifer Paredes, cunhada do mandatário, acusada de participar de uma rede de corrupção e de lavagem de dinheiro.
O presidente peruano afirmou se tratar de uma conspiração contra sua administração após tomar conhecimento sobre o mandado de prisão contra Paredes. Também disse que um setor do Congresso, o Ministério Público e parte da imprensa estão “desestabilizando a ordem democrática”.
Presidente @PedroCastilloTe: “Todos somos testigos de la continua puesta en marcha de un plan mediático que intenta llegar al poder de forma inconstitucional”.(2/7)
— Presidencia del Perú ?? (@presidenciaperu) August 10, 2022
Após quase quatro horas de buscas, os agentes da operação deixaram a residência presidencial sem encontrar Paredes. Nesta quarta, a Justiça Peruana ordenou sua prisão preventiva e de empresários ligados à mesma rede de corrupção.
Também na terça-feira, a Subcomissão de Acusação Constitucional do Congresso do Peru entregou um relatório sugerindo cinco anos de inabilitação política para Castillo por “suposto crime de traição à pátria”, fazendo referência a declarações dadas pelo presidente sobre o acesso marítimo à Bolívia através do território peruano ao canal CNN em Espanhol em janeiro deste ano.
“Hoje o Palácio do Governo foi violado com uma busca ilegal, coincidentemente, quando é pedida a minha inabilitação [política] por 5 anos, para tirar do povo o seu governo legítimo”, afirmou o presidente.
Twitter/Presidência Peru
Presidente peruano denunciou uma conspiração contra sua administração após tomar conhecimento sobre o mandado de prisão contra Paredes
“Aqueles que hoje buscam romper a ordem constitucional e democrática são os mesmos que denunciaram uma fraude eleitoral inexistente para ignorar minha eleição”, acrescentou o chefe de Estado peruano.
Durante as eleições no país, a então candidata e filha do ditador Alberto Fujimori, Keiko Fujimori, que tinha vantagem em relação a Castillo na contagem dos votos, passou a questionar o primeiro lugar conquistado pelo representante do Peru Livre, alegando, sem provas, fraudes eleitorais.
Após os questionamentos de Fujimori e um mês depois das eleições, o Júri Nacional do Peru empossou Castillo como presidente eleito.
“Caso não deve ser particularizado”
Segundo a agência peruana Andina, o ministro da Justiça e Direitos Humanos do Peru, Félix Chero, afirmou que a procuração relacionada à cunhada de Castillo “se trata de uma medida não só contra ela e que o caso não deve ser particularizado”.
Chero também apontou para uma “constante tentativa” de abertura de inquéritos contra Castillo. De acordo com o portal peruano, o ministro considerou que “não há classificações legais corretas dos tipos penais a que se destinam os inquéritos”.
Até o momento, a promotoria de Lima abriu cinco investigações contra o presidente por suposta corrupção.
(*) Com Telesur