As autoridades da Faixa de Gaza afirmaram nesta quarta-feira (11/10) que a única central elétrica do território, que sofre um “cerco total” por Israel, parou de funcionar após ficar sem combustível, deixando os cerca de 2 milhões de moradores da região sem energia.
“Esta situação catastrófica cria uma crise humanitária para todos os residentes da Faixa de Gaza”, afirmaram as autoridades, acusando Israel de cometer “o crime mais sujo de punição coletiva contra civis indefesos na história moderna”.
Além de impedir que a população civil palestina tenha acesso à eletricidade, a falta de funcionamento da usina implica também na sobrecarga das instalações médicas de Gaza.
“Devido aos ataques israelenses, aos cortes de energia, e à falta de abastecimento de combustível aos hospitais, o Ministério da Saúde decidiu começar a racionar os serviços de saúde, para direcionar a capacidade limitada do gerador elétrico”, comunicou o Ministério da Saúde da Palestina.
A situação de urgência nos hospitais fez com que diretor do Hospital Al-Wafa, em Gaza, Hassan Khalaf, chamasse por um “pedido de socorro à comunidade global”, em entrevista ao jornal Al Jazeera.
O representante médico disse que os hospitais no enclave sitiado dependem dos geradores diante do corte de energia por parte israelense, mas previu que os sistemas substitutos aguentam “no máximo alguns dias”.
Khalaf afirmou que há atualmente 100 bebês recém-nascidos que dependem dos equipamentos médicos para sobreviver, além de 1.100 pacientes que precisam da máquina de diálise, procedimento que substitui a ação dos rins no corpo humano, mas que sem eletricidade não é possível.
O corte de energia à Faixa de Gaza faz parte do “cerco total” que Israel implementou após os ataques do Hamas no último sábado (07/10), impedindo a entrada de alimentos, água e combustível no enclave.
Apesar do exército israelense afirmar que seus alvos são os militantes da organização político-religiosa, segundo o Ministério da Saúde da Palestina, cerca de 1055 palestinos foram mortos, entre civis e militantes do Hamas, e mais de cinco mil estão feridos.
O médico de Gaza identifica a situação como um “assassinato em massa”.
Twitter/State of Palestine – MFA
População na Faixa de Gaza está sem acesso a água, alimentos e eletricidade
Universidade Islâmica bombardeada
Por sua vez, as Forças Armadas de Israel (FDI) confirmaram ter atingido 450 alvos do Hamas e outras organizações palestinas na última madrugada e que a prioridade é “eliminar os comandantes” do grupo.
Além do Hospital Al-Wafa, um dos edifícios bombardeados é a Universidade Islâmica, acusada de servir como centro de treinamento de combatentes e para a produção de armas.
“Há pouco tempo, caças das FDI atacaram um importante centro operacional, político e militar pertencente à organização terrorista Hamas na Faixa de Gaza – a Universidade Islâmica”, afirmou o exercito por meio de um comunicado de imprensa.
“As FDI continuam neste momento os ataques em larga escala na Faixa de Gaza”, completou o informe.
Today, Occupation warplanes bombed #Al_Azhar #Islamic_Universities in Gaza City.
قصفت طائرات الاحتلال الحربية، اليوم الأربعاء، #جامعتي #الأزهر #والإسلامية في مدينة غزة.#Gaza_under_attack#Palestine pic.twitter.com/UUj6hbUXvn
— State of Palestine – MFA ???? (@pmofa) October 11, 2023
Ataque do Hamas a Ashkelon
Em contra-ofensiva, o Hamas reivindicou um ataque à cidade israelense de Ashkelon, também nesta quarta.
O hospital Barzilai foi atingido por mísseis, mas vítimas não foram registradas, segundo a Al Jazeera e autoridades de saúde da região. Porém, em ataques a edifícios, que geraram incêndios, duas pessoas ficaram feridas.
O grupo palestino também afirmou o disparo de um foguete contra o aeroporto Ben Gurion, no entanto Israel não relatou baixas.
Cessar-fogo egípcio
Enquanto isso, o Egito tenta negociar um cessar-fogo de algumas horas para permitir a entrada de ajuda humanitária no território palestino, através do posto de Rafah.
Porém, segundo a Al Jazeera e autoridades de saúde de Gaza, o comboio humanitário egípcio, “transportando suprimentos médicos, foi ameaçado com um ataque aéreo israelita na terça-feira (10/10).
(*) Com Ansa