A prisão do governador do departamento boliviano de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, ocorrida nesta quarta-feira (28/12), provocou uma onda de destruição e caos na capital, Santa Cruz de la Sierra, promovida por organizações aliadas ao político de extrema direita.
Segundo a imprensa local, seis prédios públicos foram atacados na noite desta mesma quarta, horas depois da prisão de Camacho, incluindo o Palácio de Justiça [principal tribunal local] e as repartições do Serviço de Registro Civil (Sereci), do Serviço Nacional de Impostos (SIN) e da Promotoria Departamental.
Os grupos de extremistas também atacaram e incendiaram a residência do ministro de Obras Públicas da Bolívia, Edgar Montaño. O próprio ministro Montaño deu declarações públicas denunciando um dos grupos aliados de Camacho, que promoveu o vandalismo à sua residência. “As pessoas que invadiram a minha casa eram da União da Juventude Cruceñista e outras figuras relacionadas com Camacho, incendiaram a minha casa e violaramo a integridade e a segurança de minha família”, relatou.
Além dos atos de vandalismo em Santa Cruz, também foram registrados ataques no departamento de Cochabamba, contra a sede da Promotoria Departamental de Cochabamba foi incendiada, enquanto três mulheres e dois homens foram presos durante os protestos ocorridos nas proximidades no momento do ataque.
Paola Pérez / TeleSUR
Incêndio no edifício da Promotoria Departamental de Santa Cruz, na Bolívia
Camacho foi preso nesta quarta-feira, por sua participação como um dos líderes do golpe de Estado de novembro de 2019, quando grupos de direita e as Forças Armadas se aliaram para derrubar o governo legitimamente eleito de Evo Morales.
No dia 11 de novembro de 2019, Camacho encabeçou a realização de atos de vandalismo contra prédios públicos em La Paz, sendo que ele mesmo participou do principal ataque, a invasão do Palácio Quemado, sede do Poder Executivo da Bolívia.
Na ocasião, o político de extrema direita chegou a realizar um live em um dos salões do Palácio, na qual apareceu estendendo uma bandeira boliviana no chão, ajoelhou-se diante dela, abriu uma Bíblia e passou a recitar passagens que, segundo ele, justificavam a ação golpista. A cena se tornou imagem referencial daquele golpe.
Nesta quinta-feira (29/12), a Justiça boliviana deve emitir um parecer sobre as medidas cautelares que a defesa de Camacho solicitou, para que ele possa aguardar as próximas etapas do processo em liberdade.