Após uma crise interna que culminou na divisão do partido, parlamentares da legenda alemã A Esquerda anunciaram nesta terça-feira (14/11) a dissolução de sua bancada no Bundestag, depois de 18 anos de atuação na câmara baixa do Parlamento alemão.
A crise no A Esquerda, partido que vem perdendo espaço no panorama político do país nos últimos anos – juntamente com grande parte de seus eleitores – se agravou após Sahra Wagenknecht, uma de suas líderes mais conhecidas, anunciar no final de outubro que estava deixando a legenda e levando consigo outros nove integrantes.
Ela saiu com o objetivo de fundar um novo partido populista de esquerda. Especialistas, no entanto, avaliam que a nova agremiação pode representar ameaças tanto ao A Esquerda quando ao partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD).
Após o racha, o partido esquerdista alemão ficou abaixo da cota mínima de 37 parlamentares e marcou a dissolução de sua bancada para 6 de dezembro. A decisão deve gerar um grande impacto na legenda.
‘A Esquerda não morreu’
A dissolução de um grupo parlamentar em meio de mandato é algo inédito na política alemã. Isso é algo que costuma ocorrer somente após derrotas eleitorais. A medida deve provocar o surgimento de dois grupos parlamentares. De um lado, os 28 membros restantes do A Esquerda e, do outro, Wagenknecht e seus aliados.
O A Esquerda terá de abrir mão de alguns de seus direitos parlamentares e do financiamento do governo federal para seus 108 funcionários, que perderão seus empregos.
DPA
Sahra Wagenknecht lidera grupo dissidente do partido alemão A Esquerda
O líder da legenda Dietmar Bartsch disse que “este não foi um grande dia, mas, ainda assim, é uma chance para um recomeço”. Ele fez, porém, questão de afirmar que o “A Esquerda não morreu”.
Janine Wissler, colíder do partido, disse que a dissolução da bancada encerrou o capítulo atual e assegurou que a legenda se manterá viva. “Somos o único partido relevante de esquerda na Alemanha e estamos lutando para nos fortalecer novamente”, afirmou.
Figura controversa
Wagenknecht já anunciou que seu partido deverá concorrer nas eleições estaduais e europeias em 2024. Com esse propósito, ela fundou a chamada Associação Sahra Wagenknecht por Razão e Justiça, como uma etapa preparatória para a fundação do novo partido e para dar início à coleta de doações.
Ela tem sido uma das figuras mais conhecidas e controversas da política alemã nos últimos anos, assumindo posições próximas à ultradireita em questões como migração, gênero e clima; mas permanecendo à esquerda em questões de economia.
Wagenknecht também mantém algumas posições pró-Rússia e contrárias à Otan, que são características da extrema esquerda. Ela entrou em choque com líderes do A Esquerda por expressar posições contra a vacinação obrigatória na pandemia e por criticar as sanções impostas a Moscou.