A prisão do ex-presidente Pedro Castillo, após sua destituição pelo Congresso, teve seu segundo capítulo na madrugada desta quinta-feira (08/12), quando o político foi transferido para o edifício da Direção de Operações Especiais (DIROES), por decisão do Ministério Público peruano.
Horas antes, Castillo foi afastado da Presidência do Peru, depois que o Legislativo aprovou a moção de vacância – processo similar ao impeachment no Brasil – com 101 votos a favor.
Por volta das 14h (16h de Brasília), a Polícia Nacional do Peru efetuou a prisão de Castillo. Nas primeiras oito horas, o ex-presidente permaneceu sob custódia no edifício da prefeitura de Lima, capital do país. Em seguida, foi levado ao quartel militar Juan Benites, no distrito de Rimac, onde aguardou mais duas horas, até a transferência para a sede da DIROES, sendo levado de helicóptero, onde também está presente o ex-presidente Alberto Fujimori.
Além da prisão de Castillo, o Ministério Público do Peru também ordenou uma operação de busca e apreensão no Palácio Pizarro, edifício sede do Poder Executivo do país. A diligência foi liderada pela procuradora-geral Patricia Bonavides, a mesma que administra a causa que investigará o ex-presidente.
Presidência do Peru
Castillo foi preso na prefeitura de Lima e levado ao edifício da Direção de Operações Especiais
Prisão junto a Fujimori e Montesinos
O edifício onde Castillo ficará preso nos próximos dias é o mesmo que abriga há 15 anos o ditador Fujimori.
Ícone do setor de direita mais conservador do Peru, Fujimori foi preso no Chile em 2005 e extraditado em 2007. De volta ao seu país, foi levado aos tribunais e condenado em três processos que investigaram sua participação na perseguição e assassinato de opositores durante seu regime.
Fujimori foi eleito democraticamente como presidente do Peru em 1990. Porém, em 1992, ele realizou um autogolpe e dissolveu o Congresso – curiosamente, a mesma medida tentada por Castillo nesta quarta, mas no caso dele a manobra deu certo, e permitiu sua permanência no poder até o ano 2000.
Durante a ditadura, a polícia e as Forças Armadas peruanas realizaram operações contra diferentes grupos opositores. O governo considerava as guerrilhas de esquerda Sendero Luminoso e Tupac Amaru como grupos terroristas, mas essa classificação também era imposta às organizações de esquerda que não estavam na luta armada.
Os processos em que Fujimori foi condenado acumulam uma pena total de mais de 60 anos de prisão, pelos massacres de Barrio Alto e La Cantuta, além de casos diferentes casos de corrupção nos quais atuou junto ao seu ex-assessor Vladimiro Mantesinos – que também está preso no mesmo edifício.