O presidente egípcio Mohamed Mursi, recém-deposto pelas Forças Armadas do país, se pronunciou nesta quarta-feira (03/07) pelo perfil oficial da presidência no Twitter, dizendo que “todos os homens livres” do Egito rejeitam as medidas anunciadas pelo Exército e chamando tanto civis quanto militares a se manifestar contra o golpe.
“Presidente Mursi: medidas anunciadas pelas Forças Armadas representam um golpe completo categoricamente rejeitado por todos os homens livres da nossa nação”, diz o primeiro dos quatro tweets publicados após o pronunciamento do general Abdel Fattah el-Sisi.
Outra mensagem diz que o “presidente Mursi exorta civis e militares a defender a lei e a Consituição para não aceitar o golpe que leva o Egito para trás”. Em seguida, acrescenta que todos devem “aderir à tranquilidade e evitar derramamento de sangue de seus compatriotas”.
Agência Efe
Manifestantes comemoram a deposição de Mohamed Mursi no Cairo
No Facebook, uma declaração atribuída a Mursi desafiava a tomada do poder pelo Exército e, além disso, há relatos de que um vídeo com um novo discurso dele foi postado no twitter da presidência, mas teria sido removido rapidamente. Nesta quarta-feira, o presidente reafirmou que não pretendia renunciar e repetiu uma oferta de criação de um governo de consenso.
Em pronunciamento feito na tarde desta quarta-feira na TV estatal, o chefe das Forças Armadas do Egito, general Abdul Fattah al-Sisi, anunciou a suspensão da Constituição e a convocação de novas eleições presidenciais. Segundo Sisi, o país será governado internamente pelo chefe da Suprema Corte de Justiça do Egito – o que, na prática, representa o afastamento de Mursi.
“As Forças Armadas consideram que o povo do Egito está nos pedindo apoio, não para tomar o poder ou governar, mas servir ao interesse público e proteger a revolução. Essa é a mensagem que os militares receberam de todos os cantos do Egito”, afirmou. Logo após o pronunciamento de Sisi, manifestantes reunidos no Cairo na Praça Tahrir – palco dos protestos que levaram em 2011 à renúncia do ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak -, comemoram a saída de Mursi.
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Mursi se tornouo primeiro presidente egípcio com uma plataforma islâmica a ser eleito democraticamente no dia 30 de junho de 2012, após vencer eleições presidenciais que se seguiram à queda do ex-presidente Hosni Mubarak.
Mas desde que ele assumiu o posto, o descontentamento aumentou gradativamente no Egito. Parte da população dizia-se pouco satisfeita com as mudanças ocorridas durante o período pós-revolucionário no Egito e acusou a Irmandade Muçulmana — o partido de Morsi — de tentar proteger seus próprios interesses.
No entanto, Mursi e a Irmandade Muçulmana ainda têm amplo apoio popular, e ambos os lados levaram às ruas um grande número de manifestantes nos últimos dias. Houve focos de violência em várias partes da capital: no mais violento deles, 16 pessoas foram mortas e cerca de 200 ficaram feridas na Universidade do Cairo, em Giza. Desde o domingo, o saldo de mortos já chega a 39 pessoas.