O Ministério de Relações Exteriores da China anunciou nesta sexta-feira (05/08) a suspensão de cooperação com os Estados Unidos em várias áreas devido à visita não autorizada de Nancy Pelosi a Taiwan.
As conversas militares entre Pequim e Washington, bem como cooperação jurídica e civis em diversos âmbitos, serão suspensas. Além disso, as autoridades chinesas cancelaram uma reunião entre responsáveis de Defesa dos países após a ida da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA.
Para o país comandado por Xi Jinping, em nota oficial, a visita da democrata “interferiu gravemente nos assuntos internos da China” e “ameaçou gravemente a soberania e a integridade territorial” do país.
Esta foi a segunda rodada de medidas que Pequim tomou em relação à visita não autorizada. A primeira envolveu a suspensão comercial com Taiwan, realizando também um exercício militar em seis pontos ao redor da ilha.
Por razões de segurança, durante a realização desses exercícios, que ocorrerão até o início da próxima semana, o espaço aéreo e o fluxo de mercadorias pelo Estreito de Taiwan foram limitados. Agora, a China anuncia uma nova rodada com uma série de suspensões em parcerias diretamente com os norte-americanos.
Em sua coletiva diária com a imprensa, uma das porta-vozes da chancelaria chinesa, Hua Chunyng, disse que a questão que envolve Taiwan “não é uma questão democrática, mas uma questão de princípios importante sobre soberania e integridade territorial da China”.
Novamente, o governo de Pequim afirmou que a situação atual “foi inteiramente provocada por Pelosi e pelos políticos norte-americanos”.
“A parte norte-americana deve pensar de maneira diferente. Se um estado qualquer nos EUA busca se separar do país e se afirmar como nação, enquanto um outro país continua a fornecer armas e apoio político, o governo e o povo dos EUA podem permitir isso?”, disse Hua.
Reprodução/ @SpeakerPelosi
Nancy Pelosi visitou Taiwan no começo de agosto apesar dos fortes protestos de Pequim
O Ministério divulgou uma lista de áreas onde não haverá mais comunicação entre as autoridades. Estas incluem reuniões de trabalho entre departamentos de Defesa, consultas de segurança marítima, cooperação sobre imigração ilegal, assistência judicial, crimes transnacionais, controle de drogas e alterações climáticas.
Mais cedo nesta sexta-feira, a chancelaria da China anunciou sanções pessoais contra Pelosi e seus familiares mais próximos.
No começo de agosto, Pelosi visitou Taiwan em uma iniciativa controversa, apesar dos fortes protestos de Pequim que levaram a uma severa condenação do que a China viu como violação da sua soberania pelo governo de Joe Biden.
Com a visita, o Exército da China lançou uma série de exercícios militares de fogo real em torno de Taiwan.
Leia o comunicado completo:
Em resposta à insistência da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, em visitar Taiwan, desconsiderando a forte oposição e as representações solenes da China, o Ministério das Relações Exteriores anunciou em 5 de agosto as seguintes contramedidas:
- Cancelada a conversa de Comandantes de Teatro de Operações China-EUA.
- Canceladas as Conversações de Coordenação de Políticas de Defesa China-EUA (DPCT).
- Canceladas as reuniões do Acordo Consultivo Marítimo Militar China-EUA (MMCA).
- Suspensa a cooperação China-EUA na repatriação de imigrantes ilegais.
- Suspensa a cooperação China-EUA em assistência jurídica em questões criminais.
- Suspensa a cooperação China-EUA contra crimes transnacionais.
- Suspensa a cooperação antidrogas China-EUA.
- Suspensas as negociações China-EUA sobre mudança climática.
(*) Com Agência Brasil-China, Sputnik e Ansa.