O governo do Peru publicou nesta terça-feira (11/04) um comunicado exigindo que o México entregue ao seu país a presidência pro-tempore da Aliança do Pacífico.
“O Governo do Peru não abrirá mão de manter viva a Aliança do Pacífico e exercer sua presidência pro tempore, que lhe corresponde de acordo com o direito internacional”, manifesta o documento assinado por Ana Cecilia Gervasi, ministra peruana das Relações Exteriores.
A entrega da presidencia pro tempore deveria ter sido oficializada em novembro de 2022, quando o país norte-americano terminou seu período de um ano liderando o bloco.
O Peru já havia sido indicado como o sucessor natural dentro do cronograma de presidências rotativas. Porém, a formalização dessa transição foi adiada devido à crise política que o país andino vivia naquele então.
Comunicado Oficial 009-23:
El Perú plantea consultas entre todos los miembros de la Alianza del Pacífico para concretar el traspaso de la Presidencia Pro Tempore.
? https://t.co/ohVsuqtC8z— Cancillería Perú?? (@CancilleriaPeru) April 11, 2023
Na ocasião, o então presidente peruano Pedro Castillo enfrentava um juízo política no Congresso Nacional (unicameral), razão pela qual o governo do México decidiu adiar por um mês a sucessão do bloco.
Porém, em dezembro Castillo encontrou-se ainda mais isolado no poder e tentou superar essa situação decretando a instalação de um governo de exceção e o fechamento do Legislativo. As decisões não foram acatadas pelas demais instituições do Estado e Castillo terminou sendo destituído, no dia 7 de dezembro. Em seu lugar, assumiu a até então vice-presidente, Dina Boluarte.
Entretanto, o México considera que a destituição de Castillo foi fruto de um processo fraudulento de perseguição política, e não reconhece a nova presidente peruana como legítima, razão pela qual não entregou a presidência pro-tempore ao país sul-americano, como estava programado.
“Não quero legitimar um golpe de Estado”, afirmou o mandatário mexicano, Andrés Manuel López Obrador, ao ser perguntado pela imprensa do seu país sobre a razão de se recusar a entregar a presidência pro-tempore da Aliança do Pacífico ao Peru.
Presidência do Peru
Chanceler peruana Ana Cecilia Gervasi foi a autora da nota que exigiu ao México a entrega da presidência pro tempore da Aliança do Pacífico
Por sua parte, o Peru assegurou que pretende consultar os demais membros do bloco [Chile e Colômbia] a respeito dessa situação.
A situação, porém, coloca em risco o próprio futuro do bloco, que tem suas atividades congeladas desde o final do ano passado, em função desse conflito.
O que é a Aliança do Pacífico
A Aliança do Pacífico nasceu em 2012, por iniciativa dos então presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia), Sebastián Piñera (Chile), Ollanta Humala (Peru) e Felipe Calderón (México) para conformar uma entidade de integração mais voltada aos projetos da direita latino-americana.
Essa iniciativa tinha como objetivo fazer um contraponto aos setores de esquerda que mantinham naquele então uma hegemonia dentro dos organismos de integração da época, como a Unasul e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos
A curiosidade é que, atualmente, três dos quatro países fundadores estão sendo administrados atualmente por presidentes de esquerda: Gabriel Boric no Chile, Gustavo Petro na Colômbia e López Obrador no México.
Esse também era o caso do Peru enquanto o presidente era Pedro Castillo, mas a atual mandatária, Dina Boluarte, que também surgiu politicamente em movimentos de esquerda, tem governado o país com apoio de setores de direita desde que assumiu o mandato.