O partido do presidente peruano Pedro Castillo, Peru Livre, convocou um ato para esta quarta-feira (01/09) depois que o Ministério Público pediu que o secretário-geral da legenda, Vladimir Cerrón, seja condenado a 2 anos e 11 meses de prisão, por suposto crime de corrupção.
Chamado de “Marcha contra a Perseguição Política e Judicial”, o protesto aconteceu na Plaza San Martin, em Lima, a partir das 10h da manhã, em apoio a Cerrón e ao partido, e em repúdio ao que se tem chamado de “Lawfare” ou guerra judicial contra os governistas.
Desde que o Congresso outorgou o voto de confiança ao gabinete do presidente Pedro Castillo na sexta (27/08), a direita peruana aumentou a pressão contra o partido governista. No sábado (28/08), sedes regionais do Peru Livre foram revistadas pela polícia depois da emissão de um mandato de busca e apreensão que acusava supostas irregularidades no financiamento da última campanha eleitoral da sigla.
Em comunicado, o partido afirmou que a ação é uma “medida desproporcional e irracional”, reiterando que Peru Livre surgiu como um movimento em 2008 e só conseguiu registro eleitoral depois de quatro anos de coleta de assinaturas. “Basta de atropelos e ameaças ao novo governo e ao partido que o sustenta. Abaixo a perseguição política”, declarou a agremiação.
Antes disso, uma campanha digital de descredibilização do ex-chanceler Hector Béjar fez com que o ministro renunciasse do cargo com menos de um mês à frente da chancelaria. O primeiro-ministro Guido Bellido também é alvo de uma campanha que o acusa de vínculo com “terrorismo”.
Vladimir Cérron/Twitter
Cérron é fundador do partido de tradição marxista Perú Livre
Pedido de prisão contra Vladimir Cerrón
Responsável pelo pedido de dois anos e 11 meses de detenção e inabilitação política do secretário-geral, a promotora Mary Huamán acusa-o de desvio de fundos públicos da época em que governou o estado de Junín, entre 2011 e 2014.
Segundo ela, Cérron teria indicado pessoas de confiança a cargos chave no governo de Junín para gerenciar o orçamento de determinados projetos, e que a irregularidade estaria em alterar o orçamento do projeto “Reflorestamento da Margem Direita do Vale do Mantaro”.
“Vamos provar que o acusado emitiu uma resolução modificando o orçamento de obras, materializando o delito de malversação de fundos”, declarou Huamán, sem apresentar as provas.
O advogado de defesa do líder do Peru Livre, Luis Mayhua, afirma que a denúncia contra o dirigente prescreveu em 3 de janeiro de 2021, e que, segundo ele, a liquidação do projeto foi ordenada porque o dinheiro estava sendo “gasto” e não investido. Ele também disse que a verba foi redirecionada para fins estaduais.
Mayhua solicitou que ao final do julgamento oral iniciado nesta terça-feira (31/08), Cerrón Rojas fosse absolvido por não haver provas ou tipicidade que configurassem a denúncia de desvio de dinheiro. A audiência foi suspensa até o próximo dia 10 de setembro às 9h30 da manhã, quando vai ser decidido se o MP aceita ou não o pedido de prescrição levantado pela defesa.
Os advogados de outros sete réus também envolvidos no processo afirmaram que os objetivos do projeto do “Mantaro” foram atingidos, tendo sido emitida uma modificação do orçamento para fazer uso do dinheiro.
(*) Com Brasil de Fato.