O Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido caiu de 1,8%, no primeiro trimestre, para 1,2%, anunciou nesta sexta-feira (09/08) o Escritório para Estatísticas Nacionais (ONS). Esta foi a primeira retração da economia britânica desde 2012.
O ONS afirmou que houve “crescente volatilidade em torno da data originalmente planejada” para o Brexit, no fim de março. No início de 2019, as empresas tiveram que aumentar seus estoques para garantir o abastecimento após o desligamento, inicialmente programado para 29 de março. Essa atividade contribuiu para o crescimento econômico de cerca de 0,5% no primeiro trimestre.
Como a data foi adiada, as companhias venderam esses estoques suplementares no segundo trimestre, e também reduziram seus investimentos. Apesar desse declínio no PIB, o Reino Unido não entrou em recessão técnica, que requer dois trimestres consecutivos em declínio. Assim, os dados do terceiro trimestre serão cuidadosamente estudados, quando publicados.
O desaquecimento é uma má notícia para o governo de Boris Johnson, que assumiu o cargo em 24 de julho, prometendo que o Reino Unido deixará a União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo com a UE. Várias organizações econômicas importantes alertaram que uma saída da UE sem acordo teria consequências negativas para a economia do país.
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Economia britânica está abalada pela incerteza provocada pelo Brexit
O Banco da Inglaterra espera que o crescimento se desacelere, e o Escritório de Responsabilidade Orçamentária (OBR) britânico, responsável pelas previsões econômicas do governo, acredita que o país possa entrar em recessão diante de tal cenário.
O fato de que a economia global teve um desempenho pior do que o previsto provavelmente aumentará a preocupação com o efeito corrosivo do Brexit na economia. O investimento empresarial, historicamente debilitado desde junho de 2016, quando o país optou por deixar a UE, enfraqueceu ainda mais no segundo trimestre, encolhendo 0,5%.
A indústria automobilística foi particularmente afetada e suspendeu a atividade de várias unidades de produção em abril, devido a sucessivas mudanças no programa do Brexit, o que interrompeu seu planejamento. Outros setores manufatureiros também foram afetados, resultando numa queda total de 1,4% na produção industrial.
O ramo da construção também experimentou queda de 1,3%, com empreiteiros cautelosos diante da possibilidade de que o Brexit reduza os preços dos imóveis. Os serviços, por sua vez, tiveram crescimento tímido, de 0,1%, o mais fraco em três anos.