O presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, advertiu nesta quarta-feira (19/02) que os líderes da oposição vão responder nos tribunais por convocarem os manifestantes a enfrentarem as forças do governo.
“Passaram dos limites quando convocaram o povo a recorrer às armas. E isso é uma clara violação da lei. Os criminosos devem comparecer perante a Justiça, que determinará sua punição. Não é um capricho meu, é minha obrigação como fiador da Constituição”, disse o líder ucraniano depois de se reunir durante a madrugada com os líderes da oposição parlamentar.
Agência Efe
Polícia e manifestantes seguem em praça na capital ucraniana
Yanukovich exigiu que os dirigentes dos três partidos da oposição, à frente dos grandes protestos populares, reneguem imediatamente os radicais que provocaram os violentos distúrbios que persistem no centro de Kiev, com pelo menos 25 mortos nas últimas 24 horas.
“Caso contrário, se não querem sair, que reconheçam que apoiam os radicais. Então falaremos com eles de outra forma”, alertou o presidente ucraniano.
Yanukovich também exigiu que os manifestantes mais radicais renunciem à luta armada e se entreguem às forças da ordem, segundo um comunicado assinado pela ministra da Justiça interina, Elena Lukash. “É uma obrigação da oposição exigir que todos os radicais responsáveis pelo derramamento de sangue ponham um fim à resistência”, ressaltou a ministra.
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Lukash lembrou que apesar de os líderes da oposição terem se reunido na madrugada com o presidente para pedir que ele retire o batalhão de choque da polícia da Praça da Independência (conhecida como o Maidan), “foram eles que convocaram os cidadãos à mobilização para lutar e resistir”.
“Houve uma convocação para que recorressem às armas. Muitas pessoas responderam a esse chamado”, disse a ministra.
Por outro lado, um dos líderes da oposição, Arseniy Yatsenyuk, garantiu após o término da reunião com Yanukovich que o presidente ofereceu “uma rendição de facto e a retirada das forças da ordem da Maidan”.
“Continuaremos com o povo”, disse o número um do principal partido da oposição, que esclareceu que foi pedido ao presidente “uma trégua imediata e a retirada das tropas para salvaguardar vidas”.
Já outro líder da oposição, Vitali Klitshko, lamentou que o presidente “tenha reagido de forma inadequada à situação” ao acusar à oposição de convocar os manifestantes à luta armada.
Klitshko garantiu que não entende a que armas Yanukovich se refere e denunciou que foram as forças da ordem que abriram fogo contra os manifestantes.
No entanto, Yanukovich reafirmou sua oferta de diálogo com os líderes dos três principais partidos de oposição no Parlamento – Batkivshina, UDAR e Svoboda – mas com a condição de que cumpram com suas exigências sobre o fim da violência.
“Já não podemos trazer de volta os mortos. Já pagamos um preço muito alto pelas ambições daqueles que aspiram ao poder. Mas para que esse preço não seja ainda mais alto, faço um apelo ao equilíbrio. É preciso sentar à mesa de negociações para salvar a Ucrânia”, disse o presidente em um comunicado publicado no site de sua administração.
Pelo menos 25 pessoas, entre elas nove policiais, morreram nas últimas 24 horas nos violentos distúrbios que continuam em Kiev, com a Praça da Liberdade sendo invadida pelas tropas de choque da polícia e do Ministério do Interior. Como resposta a tais mortes a União Europeia deve anunciar hoje sanções contra o governo ucraniano.
Agência Efe
Líderes de França e Alemanha se reúnem nesta quarta-feira para discutir punições a Kiev por violência nos protestos
Barricadas e barracas foram incendiadas e formam uma parede de fogo que serviu como barreira para separar, durante toda a noite, os policiais dos manifestantes. Os opositores alimentam o fogo com pneus e resistem às forças de segurança atirando pedras, bombas caseiras, coquetéis molotov e morteiros, enquanto a polícia responde com bombas de efeito moral e tenta apagar o fogo com caminhões com jatos d'água. Os protestos, porém, não ocorrem apenas na capital, tendo aumentado nos últimos dias também na região oeste do país.
A violência no centro de Kiev, com dezenas de feridos por arma de fogo dos dois lados, começou na manhã de ontem durante a marcha de milhares de manifestantes em direção à Rada Suprema (Parlamento ucraniano), logo depois da entrada em vigor da anistia para todos os detidos nos protestos dos últimos três meses. Os enfrentamentos começaram quando a polícia tentou impedir a passagem de uma grande passeata da oposição que exigia a restituição da Constituição de 2004, que limitaria os poderes do presidente.
As manifestações começaram na Ucrânia em novembro, depois que o presidente se recusou a assinar um acordo com a União Europeia por considerar que o mesmo prejudicava as classes mais pobres do país.
(*) Com Agência Efe