O presidente do Equador, Guillermo Lasso, ameaçou a equipe jornalística do meio digital La Posta depois que este publicou uma série de documentos e gravações de áudio que relacionavam funcionários do governo e o cunhado do presidente, Danilo Carrera, com supostos atos de corrupção e narcotráfico
Em uma intervenção por rede nacional, nesta terça-feira (14/02), Lasso qualificou os comunicadores de “mercenários do entretenimento” e afirmou que estes atentaram contra a sua integridade e a da sua família.
Durante seu pronunciamento, o mandatário chegou a golpear a mesa e elevar o tom de voz para dizer que “chegaram ao fim os 15 minutos de fama” dos jornalistas que realizaram a reportagem.
Percebendo a própria mudança de temperamento, Lasso terminou o discurso afirmando que sua crítica ao La Posta não é um ataque ao jornalismo, e que sua postura é, na verdade, uma “batalha contra aqueles que querem violar a liberdade de expressão”.
Sobre o caso em si, o mandatário equatoriano assegurou que não há corrupção em seu governo e que seu cunhado pode não ter tido “a desconfiança necessária para detectar pessoas desonestas”.
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Guilhermo Lasso ameaçou jornalistas de meio digital que publicou reportagens sobre possível caso de corrupção em seu governo
Em resposta, a equipe jornalística do La Posta emitiu um comunicado dizendo que “repudia a atitude policialesca, intimidadora, autoritária e equivocada do presidente Lasso, que usou uma rede nacional para desacreditar nosso trabalho e, ao mesmo tempo, nos ameaçar abertamente, visando impedir as investigações sobre corrupção em seu governo”.
Os comunicadores também disseram que o mandatário deve ser responsabilizado por qualquer coisa que pudesse acontecer com eles ou suas famílias, e que o site continuará publicando novas matérias relativas à investigação do caso envolvendo seu cunhado nos próximos dias.
A reportagem do La Posta afirma que Danilo Carrera não ocupa nenhum cargo no governo, mas que, apesar disso, ele atua junto a um amigo, chamado Rubén Cherres como diretor de entidades públicas, com poder de decidir quais são as empresas privadas que trabalham com o Estado, e que cobraria uma taxa para fazer esse lobby.
Outra reportagem do La Posta, divulgada na segunda-feira (13/02) mostrou um relatório da Unidade Antinarcóticos da Polícia Nacional do Equador no qual se revelam ligações entre o governo e um grupo mafioso albanês.
Nesta mesma terça-feira, Lasso teria que comparecer perante uma comissão da Assembleia Nacional equatoriana que investiga algumas das denúncias de corrupção descobertas pelo site de notícias. Porém, o mandatário não compareceu, alegando problemas de agenda. Seu cunhado, Danilo Carrera também tinha seu testemunho marcado para esta terça, e também não apareceu.