Reprodução / Facebook Canal Oromar
Em entrevista a canal nacional, o presidente equatoriano disse que pode renunciar ao cargo caso continuem as “traições” em seu partido
O presidente do Equador, Rafael Correa, classificou como “traição” a iniciativa de parlamentares de seu partido, o Aliança País, de discutir a despenalização do aborto. Além de enfatizar que não aprovará a medida, Correa anunciou a possibilidade de renunciar ao cargo por conta da situação.
“A Constituição diz que devemos defender a vida desde seu início”, disse o presidente em uma entrevista exclusiva ao canal nacional Oromar na noite desta quinta-feira (10/10). “Falamos muito claro: qualquer coisa que sai dessa linha, simplesmente é traição e parece que é isso que está acontencendo na Assembleia Nacional”, afirmou ele.
Atualmente, o parlamento equatoriano discute a aprovação de um novo código penal que pretende incluir novos delitos, como o “femicídio”. Alguns congressistas do bloco de Correa não seguiram o programa partidário e sugeriram também despenalizar o aborto, o que causou grande insatisfação do presidente.
NULL
NULL
“Se o grupo de pessoas desleais à maioria do bloco parlamentário da Aliança País tiverem êxito no que desejam, eu, imediatamente, apresentarei minha renúncia ao cargo, porque por meus princípios de defender a vida, estou disposto a renunciar e a história saberá julgar”, declarou ele segundo jornais locais. O presidente, que se declara católico, reiterou que “jamais” aprovará a despenalização do aborto “mais além do que já está previsto na lei”.
No Equador, o aborto é considerado um crime, com exceção nos casos em que a gravidez ameaça a vida da gestante ou se foi fruto de violação de mulheres com problemas psiquiátricos ou neurológicos. A pena para uma mulher que realizou o aborto é de um a cinco anos de prisão e para os médicos ou outras pessoas envolvidas no procedimento, de dois a cinco anos.
Para Correa, esse movimento dentro de seu partido é “uma punhalada ao processo revolucionário e ao presidente da República”. O presidente disse estar “esgotado” das traições e deslealdades. “Estou cansado disso, de que se tomem decisões, falem de democracia e logo fazem o contrário para ver se aproveitam a oportunidade”, afirmou ele.
Veja o trecho da entrevista:
(*) Com informações de jornais locais