A Rússia comemorou nesta terça-feira (09/05) o Dia da Vitória, data que marca a conquista das tropas soviéticas sobre a Alemanha nazista, há 78 anos. Este é considerado o feriado mais importante do país, celebrado todos os anos com desfile militar e discurso do presidente russo, Vladimir Putin.
Na Praça Vermelha, Putin discursou por cerca de 10 minutos e homenageou os soldados soviéticos, dizendo que o feriado comemora a honra “de nossos pais, avós e bisavós que glorificaram e imortalizaram seus nomes defendendo nossa Pátria”, que “salvaram a humanidade do nazismo com coragem imensurável e imenso sacrifício”.
Logo depois, o presidente fez alusões à operação militar russa na Ucrânia, afirmando que a civilização da Rússia está em um “ponto de virada crucial”, mencionando o que chamou de “terrorismo internacional” e a “defesa” do povo do Donbass, região disputada pelos dois países.
“Acreditamos que qualquer ideologia de superioridade é abominável, criminosa e mortal por sua natureza” afirmou o presidente, que culpa as “elites globalistas ocidentais” por colocarem nações umas contra as outras e dividirem sociedades, provocando “conflitos e golpes sangrentos”.
Para Putin, essas elites semeiam a russofobia e o nacionalismo agressivo, declarando acreditar que o Ocidente tenha esquecido “do resultado das insanas reivindicações de domínio global dos nazistas”. “Esqueceram quem destruiu esse mal monstruoso e total, quem defendeu sua terra natal e não poupou suas vidas para libertar os povos da Europa”, apontou.
Mencionando diretamente a Ucrânia, Putin disse que a ambição sem limites, a arrogância e a impunidade, inevitavelmente, resultam em tragédias, e as associou à “catástrofe pela qual o povo ucraniano está passando”.
Antes de pedir um minuto de silêncio pelas vidas perdidas durante a Segunda Guerra Mundial, ou Grande Guerra Patriótica, o líder russo destacou a presença de líderes de antigas repúblicas soviéticas no evento.
“É fundamental que os líderes da Comunidade de Estados Independentes tenham se reunido aqui em Moscou hoje. Vejo isso como um reconhecimento da façanha de nossos antepassados: eles lutaram e venceram juntos, pois todos os povos da URSS contribuíram para nossa vitória comum”, apontou.
Estavam presentes na cerimônia o primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, do Quirguistão, Sadyr Japarov, do Tajiquistão, Emomali Rahmon, o do Turcomenistão, Serdar Berdimuhamedov, e do Uzbequistão, Shavkat Mirziyoyev.
O desfile militar começou com a bandeira da Rússia e a da Vitória sendo levadas para a Praça Vermelha. Ele foi liderado pelo comandante-em-chefe das Forças Terrestres Russas, General de Exército Oleg Salyukov, e supervisionado pelo ministro da Defesa, Sergei Shoigu.
A marcha na Praça Vermelha levou às ruas 8.000 militares de 30 regimentos cerimoniais, entre eles 530 soldados que participaram da operação militar russa na Ucrânia.
kremlin.ru
Putin durante discurso comemorativo do Dia da Vitória, feriado mais importante da Rússia
Leia o discurso de Vladimir Putin na íntegra:
Cidadãos da Rússia,
Caros veteranos,
Camaradas soldados e marinheiros, sargentos e subtenentes, aspirantes e sargentos,
Camaradas oficiais, generais e almirantes,
Soldados e comandantes que participam da operação militar especial,
Feliz Dia da Vitória!
Feliz feriado que comemora a honra de nossos pais, avós e bisavós que glorificaram e imortalizaram seus nomes defendendo nossa pátria. Eles salvaram a humanidade do nazismo com coragem imensurável e imenso sacrifício.
Hoje, nossa civilização está em um ponto de virada crucial. Uma verdadeira guerra está sendo travada contra nosso país novamente, mas combatemos o terrorismo internacional e defenderemos o povo de Donbass e salvaguardaremos nossa segurança.
Para nós, para a Rússia, não existem nações hostis ou inamistosas, seja no Oeste ou no Leste. Assim como a grande maioria das pessoas no planeta, queremos ver um futuro pacífico, livre e estável.
Acreditamos que qualquer ideologia de superioridade é abominável, criminosa e mortal por sua natureza. No entanto, as elites globalistas ocidentais continuam falando sobre seu excepcionalismo, colocam as nações umas contra as outras e dividem as sociedades, provocam conflitos e golpes sangrentos, semeiam o ódio, a russofobia, o nacionalismo agressivo, destroem a família e os valores tradicionais que nos tornam humanos. Eles fazem tudo isso para continuar ditando e impondo sua vontade, seus direitos e regras aos povos, o que, na realidade, é um sistema de pilhagem, violência e repressão.
Eles parecem ter se esquecido do resultado das insanas reivindicações de domínio global dos nazistas. Esqueceram quem destruiu esse mal monstruoso e total, quem defendeu sua terra natal e não poupou suas vidas para libertar os povos da Europa.
Vemos como, em certos países, eles destroem impiedosa e friamente os memoriais dos soldados soviéticos, derrubam monumentos de grandes comandantes, criam um verdadeiro culto aos nazistas e seus representantes, apagam e demonizam a memória dos verdadeiros heróis. Essa profanação do feito e dos sacrifícios da geração vitoriosa também é um crime, um revanchismo absoluto por parte daqueles que estavam preparando, de forma cínica e descarada, uma nova marcha sobre a Rússia e que reuniram a escória neonazista de todo o mundo para isso.
O objetivo deles – e não há nada de novo nisso – é desmembrar e destruir nosso país, tornar nulos e sem efeito os resultados da Segunda Guerra Mundial, quebrar completamente o sistema de segurança global e o direito internacional, sufocar quaisquer centros soberanos de desenvolvimento.
A ambição sem limites, a arrogância e a impunidade levam inevitavelmente a tragédias. Esse é o motivo da catástrofe pela qual o povo ucraniano está passando. Ele se tornou refém do golpe de Estado e do regime criminoso resultante de seus senhores ocidentais, um dano colateral na implementação de seus planos cruéis e egoístas.
A memória dos defensores da pátria é sagrada para nós, na Rússia, e a guardamos em nossos corações. Damos crédito aos membros da Resistência que lutaram bravamente contra o nazismo, bem como às tropas dos exércitos aliados dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha e de outros países. Lembramos e honramos o feito dos soldados chineses na luta contra o militarismo japonês.
Acredito firmemente que a experiência de solidariedade e parceria durante os anos de luta contra uma ameaça comum é nossa herança inestimável e uma base segura agora, quando o movimento imparável está ganhando impulso em direção a um mundo multipolar mais justo, um mundo baseado nos princípios de confiança e segurança indivisível, de oportunidades iguais para um desenvolvimento genuíno e livre de todas as nações e povos.
É fundamental que os líderes da Comunidade de Estados Independentes tenham se reunido aqui em Moscou hoje. Vejo isso como um reconhecimento da façanha de nossos antepassados: eles lutaram e venceram juntos, pois todos os povos da URSS contribuíram para nossa vitória comum.
Sempre nos lembraremos disso. Curvamos nossas cabeças em memória daqueles que perderam suas vidas durante a guerra, a memória de filhos, filhas, pais, mães, avós, maridos, esposas, irmãs e amigos.
Declaro um minuto de silêncio.
Cidadãos da Rússia,
As batalhas que foram decisivas para nossa pátria sempre se tornaram patrióticas, nacionais e sagradas. Somos fiéis ao legado de nossos ancestrais e temos uma consciência profunda e clara do que significa estar à altura de suas conquistas militares, trabalhistas e morais.
Temos orgulho dos participantes da operação militar especial, de todos aqueles que lutam nas linhas de frente, daqueles que entregam suprimentos à frente e salvam os feridos sob fogo. Suas atividades de combate agora são de suma importância. A segurança do país depende de vocês hoje, assim como o futuro de nosso Estado e de nosso povo. Vocês cumprem com louvor seu dever de combate lutando pela Rússia. Suas famílias, filhos e amigos os apoiam. Eles estão esperando por vocês. Tenho certeza de que podem sentir o amor inabalável deles.
O país inteiro se uniu para apoiar nossos heróis. Todos estão prontos para ajudar, todos rezam por vocês.
Camaradas, amigos, queridos veteranos,
Hoje, todas as famílias de nosso país homenageiam os participantes da Grande Guerra Patriótica, lembram-se de seus familiares e heróis e depositam flores em memoriais militares.
Estamos na Praça Vermelha, um lugar que lembra os soldados de Yury Dolgoruky e Dmitry Donskoy, a milícia popular de Minin e Pozharsky, os soldados de Pedro, o Grande, e Kutuzov, os desfiles militares de 1941 e 1945.
Hoje temos aqui participantes da operação militar especial – militares regulares e aqueles que se juntaram às fileiras do exército durante a mobilização parcial, tropas dos corpos de Lugansk e Donetsk, muitas unidades voluntárias, pessoal da Guarda Nacional, Ministério do Interior, Serviço Federal de Segurança, Ministério de Emergências e outras agências e serviços de segurança.
Minhas saudações a todos vocês, amigos. Minhas saudações a todos que estão lutando pela Rússia no campo de batalha, que estão agora no cumprimento do dever.
Nossos heróicos ancestrais provaram durante a Grande Guerra Patriótica que nada pode vencer nossa forte, poderosa e confiável unidade. Não há nada mais forte do que nosso amor pela pátria.
Pela Rússia! Por nossas gloriosas Forças Armadas! Pela vitória!
Viva!