O presidente russo, Vladimir Putin, é esperado na quarta-feira (06/12) nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita, para onde viaja antes de receber, em Moscou, na quinta-feira (07/12), o chefe de Estado iraniano, Ebrahim Raissi. A viagem é mais um passo importante para a volta do líder russo à cena internacional, apesar das tentativas ocidentais de isolá-lo e do mandado de detenção emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
O porta-voz do Kremlin confirmou na manhã desta terça-feira (05/12) que o presidente russo viaja para os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita na quarta-feira.
“As visitas de trabalho do presidente Putin aos Emirados Árabes Unidos e à Arábia Saudita terão lugar amanhã. Tudo isto acontecerá em um único dia”, declarou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, aos jornalistas.
Alvo de um mandado de detenção do TPI há quase nove meses – acusado de crimes de guerra pela deportação ilegal de crianças ucranianas –, o presidente russo esteve fisicamente ausente das últimas grandes reuniões internacionais, como a Cúpula dos Brics na África do Sul, em agosto, a do G20 na Índia, e a das Nações Unidas, em setembro, em Nova York.
Putin participou por meio de videoconferência e alegou evitar estas reuniões para não para “causar problemas” aos organizadores.
O presidente russo só viaja para países amigos, como a China, onde esteve em outubro.
Petróleo e o conflito Israel-Hamas
De acordo com o Kremlin, Putin se reunirá nos Emirados, sua primeira parada, com o presidente Mohammed bin Zayed al-Nahyan para discutir perspectivas de cooperação e a situação no Oriente Médio.
Wikicommons
Em Riad, ele será recebido pelo príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, para conversar sobre comércio, investimentos e política internacional. O conflito entre Israel e o Hamas também estará na agenda de reuniões, assim como o preço do petróleo no âmbito da OPEP+, de que a Rússia é membro.
Sobre a guerra na Faixa de Gaza, Vladimir Putin – que até então mantinha uma posição diplomática que lhe permitia falar com todos os países do Oriente Médio – se distanciou de Israel, denunciando a “catástrofe” humanitária em Gaza. A visita de uma delegação do Hamas a Moscou no final de outubro irritou o governo israelense.
No que diz respeito ao petróleo, a Rússia anunciou na semana passada sua intenção de reforçar o corte na produção pelo menos até ao final de março de 2024 para “estabilizar os preços”, em coordenação com a Arábia Saudita, um parceiro poderoso dentro da organização dos países exportadores.
Raissi em Moscou
Os mesmos temas também estarão na agenda do encontro de quinta-feira, na capital russa, com o presidente iraniano, Ebrahim Raissi, que lidera uma delegação político-econômica de alto escalão, de acordo com o porta-voz do Kremlin.
Putin visitou o Irã em julho de 2022, enquanto o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, foi recebido em Teerã em outubro passado para discussões com os líderes da região. Além disso, o Irã aderiu à Organização de Cooperação de Xangai em 2023, que reúne Rússia, China e outros países asiáticos.