O ex-ministro de Finanças do Reino Unido, Rishi Sunak é um dos finalistas na disputa para suceder o primeiro-ministro Boris Johnson, que renunciou ao cargo no dia 7 de julho. Ele concorre contra Liz Truss, secretária de Relações Exteriores e ministra da Mulher e Igualdade, numa decisão que será tomada no dia 5 de setembro.
Truss inicia a campanha com uma vantagem de 34 pontos sobre Sunak, mas ainda falta um mês até a decisão final. O levantamento da empresa YouGov, divulgado na última terça-feira (02/08), aponta que ainda há um 13% de indecisos, no entanto cerca de 29% dos entrevistados que declaram apoio a Sunak disseram que ainda podem mudar seu voto. Já Truss tem um eleitorado mais consolidado, apenas 17% disseram que poderiam alterar sua decisão.
Membro do Partido Conservador, Sunak é considerado o “grande inimigo” de Johnson. Após abandonar o cargo, no dia 5 de julho, ele foi considerado um traidor e o ex-premiê chamou a consigna “qualquer um menos Rishi”.
Na sua carta de renúncia, Sunak afirmou que os britânicos esperavam um governo que fosse “conduzido adequadamente, de forma séria e competente”, mas ressaltou, “acima de tudo, eu respeito o mandato poderoso dado a você pelo povo britânico em 2019 e como sob sua liderança nos rompemos o bloqueio do Brexit”.
Apesar de tentar distanciar-se de Johnson em sua derrocada, o ex-ministro participou das festas na sede do governo durante o período de lockdown (fechamento total), no caso conhecido como “partygate”. Esse foi um dos escândalos que fez cair o primeiro-ministro.
Agora, Sunak busca apoio dentro e fora do partido para tornar-se o primeiro governante de origem indiano-britânica a comandar o parlamento. Para isso, precisa de 100 mil a 140 mil votos dos membros do Partido Conservador para vencer Liz Truss, na disputa pela liderança do partido. O novo líder será o novo premiê. A posse do substituto ou substituta de Johnson está prevista para 5 de setembro.
“As pessoas viram meu trabalho nos últimos anos e sabem da minha capacidade para lidar com situações difíceis. Nós adotamos medidas emergenciais durante a pandemia em tempo recorde e isso dá uma dica às pessoas sobre quão radical poderia ser meu governo”, disse à imprensa local
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Membro do Partido Conservador, Sunak é considerado o "grande inimigo" de Johnson
Como ministro de Finanças, terceiro cargo mais importante do gabinete britânico, Sunak aprovou um pacote de resgate financeiro a empresas no valor de 350 bilhões de libras (cerca de R$ 2,3 trilhões) para conter a situação de crise gerada a partir da pandemia de covid-19 e pela saída da União Europeia.
Agora defende um programa centrado em mais investimentos para a saúde comunitária, aumento da cobertura de internet de alta qualidade nas zonas rurais e criação de programas de apoio a pequenos agricultores.
De banqueiro à deputado
De origem britânico-indiana, Rishi Sunak é filho de um clínico geral e uma farmacêutica, naturais de Punjab. O político de 42 anos nasceu em Southampton, no sudeste da Inglaterra. Estudou no colégio Winchester e mais tarde, assim como Truss, graduou-se em filosofia, ciência política e economia na Universidade de Oxford.
Iniciou na vida política em 2015, como deputado constituinte da região de Northallerton, Yorkshire, quando chegou a ser considerado o “menino de ouro” do partido Conservador na campanha pelo abandono da União Europeia – o Brexit. Em 2017, Sunak foi reeleito para o parlamento britânico, mas logo em seguida foi nomeado ministro subalterno no governo de Theresa May.
Mais tarde, apoiou a campanha de Boris Johnson para substituir May. Por isso, em 2019, foi indicado como chefe do Tesouro e em fevereiro de 2020 assumiu a pasta de Finanças.
No entanto, antes de iniciar a vida pública, Sunak trabalhou como banqueiro de investimentos na Goldman Sachs, uma das maiores agências financeiras de Wall Street, entre 2001 e 2004.
Nos Estados Unidos, Rishi Sunak conheceu sua esposa, a designer indiana, Akshata Murty, filha dos multimilionários Nagavara Ramarao Narayana Murthy e Sudha Murthy, fundadores da gigante de tecnologia Infosys.
Em abril deste ano, Akshata Murty esteve no centro de uma polêmica midiática, por tentar evadir o pagamento de impostos no Reino Unido. Murty também é acionista da Infosys e declarou que não residia em solo britânico para não pagar pelos rendimentos da empresa.
Após as revelações da imprensa britânica, Akshata anunciou que começaria a pagar impostos no Reino Unido sobre seus rendimentos no exterior para aliviar a pressão política sobre o marido.
Além disso, uma reportagem do jornal The Independent sugeriu que Sunak estaria na lista de beneficiários de fundos de paraísos fiscais nas Ilhas Virgens Britânicas e nas Ilhas Cayman, em 2020.