Após passar por uma rodada de reuniões com os líderes dos principais partidos do Parlamento, o rei da Espanha, Felipe VI, pediu nesta quinta-feira (28/07) que Mariano Rajoy, presidente de governo interino e líder do PP (Partido Popular), tente formar governo e se reeleger premiê.
Rajoy aceitou a indicação do rei, porém não deixou claro se tentará de fato a investidura caso não consiga o apoio de que necessita. O PP, de centro-direita, foi a legenda mais votada nas eleições parlamentares do dia 26 de julho, conseguindo 137 assentos, mas não possui maioria na câmara para eleger Rajoy sem a necessidade de alianças com outros partidos.
Agência Efe
Rajoy aceitou indicação de rei Felipe VI para tentar reeleição
“A Espanha precisa de um governo imediatamente e este governo deve ser encabeçado pelo PP se queremos respeitar a vontade dos cidadãos. Estou disposto a governar com 137 deputados, o que é diferente de ir à investidura com 137 deputados. Em dezembro [de 2015], eu tinha a claridade total de que a maioria da câmara estava contra mim. Hoje, acho que este cenário está diferente”, disse Rajoy a jornalistas.
O premiê interino tem duas semanas para negociar com os outros três partidos com mais assentos no Parlamento e conseguir aliados. Nenhum deles, contudo, se mostrou favorável até o momento a um governo liderado por Rajoy.
Pedro Sánchez, líder do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) — com 85 assentos no Parlamento —, havia dito no início deste mês que não apoiaria uma possível candidatura de Rajoy. Entretanto, em publicação de hoje no Twitter, ele se mostrou aberto a negociações.
“Rajoy precisa oferecer a seus potenciais aliados uma forma diferente de fazer política. O PSOE fará uma oposição dura, mas leal e útil [ao povo]. Esta legislatura pode ser uma oportunidade para forjar consensos”, escreveu Sánchez.
El @PSOE va a hacer una oposición dura, pero leal y útil. Esta legislatura puede ser una oportunidad para forjar consensos.
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) 28 de julho de 2016
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O líder do Ciudadanos, Albert Rivera, por sua vez, afirmou que seu partido só apoiará um governo encabeçado pelo PP quando Mariano Rajoy deixar de postular ao cargo. Rivera disse que sua intenção é se abster quando, e se, ocorrer a investidura, mas que o Ciudadanos, que possui 32 deputados, está disposto a conversar caso Rajoy seja eleito.
Já Pablo Iglesias, líder do esquerdista Podemos, que conta com 71 assentos no Parlamento, manteve sua posição de oposição a Rajoy, estabelecida desde as primeiras eleições gerais, em dezembro de 2015.
“Transmiti para o rei que, no caso de investidura do PP, votaremos contra. Acredito que só existam duas opções: um acordo do PSOE com o PP ou um acordo de coalizões de esquerda. Quem der o governo a Rajoy depois achará difícil dizer-se de oposição”, afirmou Iglesias.
“Creo que solo hay dos opciones: un acuerdo del PSOE con el PP o un acuerdo de coalición de izquierdas” @Pablo_Iglesias_ #RdpPodemos
— PODEMOS (@ahorapodemos) 28 de julho de 2016
Situação política da Espanha
Em 20 de dezembro de 2015, a Espanha realizou eleições gerais e nenhum dos partidos obteve maioria (que seriam 176 dos 350 assentos). O PP conseguiu 123 cadeiras, o socialista PSOE, 90; o Podemos, de esquerda, obteve 69; e o liberal Ciudadanos, 40.
Após as eleições gerais, os líderes dos principais partidos eleitos passam por uma série de reuniões com o rei Felipe VI, que, segundo a lei espanhola, indica alguém para tentar a “investidura” à presidência de governo. A partir desse momento, o indicado deve reunir aliados e convocar uma votação no Congresso, que irá aceitar ou rejeitar aquele candidato para o cargo.
Na ocasião, o rei indicou inicialmente Mariano Rajoy, então presidente de governo, para tentar a reeleição. Reconhecendo não ter apoio suficiente, Rajoy rejeitou a indicação, abrindo caminho para Pedro Sánchez.
Para se eleger, ele precisava do apoio do PP ou de uma aliança simultânea com o Podemos e o Ciudadanos. Entretanto, devido a diferenças programáticas, Sánchez rejeitou desde o início um acordo com o PP e acabou optando pela legenda de direita. A decisão o fez perder o apoio do Podemos.
Por não possuir respaldo suficiente no Parlamento, o socialista perdeu a primeira votação, no dia 2 de março, obtendo apenas 130 dos 176 votos de que precisava. Em segunda votação, que ocorreu 48 horas depois e exigia que Sánchez conseguisse apenas maioria simples, houve nova derrota.
A legislação espanhola determina um prazo de dois meses para que outro político tente a “investidura” antes de o rei dissolver o Parlamento e convocar novas eleições gerais caso um candidato à Presidência de Governo seja rejeitado pela Câmara. Na ocasião, Felipe VI não indicou ninguém e optou por dissolver o Congresso.
Assim, novas eleições gerais foram convocadas para o dia 26 de junho, quando o PP acabou obtendo 137 assentos, o PSOE conseguiu 85, a coalizão de esquerda Unidos Podemos, 71, e o Ciudadanos, 32.