O Comitê de Inteligência da Câmara dos Estados Unidos revelou nesta terça-feira (03/12) um relatório no qual afirma que o presidente Donald Trump “usou o poder de seu cargo para solicitar interferência estrangeira a seu favor nas eleições de 2020”.
De acordo com o documento, o “esquema” do republicano “subverteu a política externa dos Estados Unidos em relação à Ucrânia e desgastou nossa segurança nacional em favor de duas investigações de motivações políticas que poderiam ajudar sua campanha presidencial rumo à reeleição”.
O relatório, que é uma das etapas do inquérito de impeachment contra Trump e resultado de audiências realizadas ao longo dos últimos dois meses, ainda informa que a “evidência de má conduta do presidente é esmagadora”.
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O presidente norte-americano é acusado de pedir ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para investigar o ex-vice-presidente e pré-candidato democrata à Casa Branca Joe Biden e o filho dele, Hunter. Na polêmica, Hunter foi acusado por Trump de que ele teria cometido ilegalidades enquanto seu pai estava na Casa Branca.
Em 2016, o ex-vice de Barack Obama pressionou pela demissão de um procurador ucraniano que era tido como corrupto pelos EUA e pela União Europeia, mas que na época investigava uma empresa de energia que tinha Hunter como conselheiro.
White House
Documento do Comitê de Inteligência da Câmara relata duas possíveis irregularidades cometidas por Trump: má conduta e obstrução
Trump questiona os motivos por trás da pressão de Biden sobre Kiev e ainda acusa o filho do pré-candidato de ter feito negócios na China durante uma viagem oficial de seu pai. O republicano teria pressionado a Ucrânia a investigar os Biden durante um telefonema em julho deste ano e também pediu publicamente para a China apurar sua suspeita.
A pressão de Trump sobre Kiev motivou a abertura de um inquérito de impeachment na Câmara dos Representantes, que é dominada pelo Partido Democrata, por suspeita de abuso do poder do cargo para fazer um líder estrangeiro investigar um adversário político.
O magnata, por sua vez, afirma que não houve nenhuma troca de favores que pudesse levá-lo a perder o cargo, apesar de não negar que tenha conversado sobre o assunto com o líder ucraniano. No documento revelado nesta terça-feira pelo Comitê de Inteligência da Câmara é relatada duas possíveis irregularidades cometidas por Trump: má conduta e obstrução.
Na primeira, o republicano condicionou um encontro oficial e ajuda militar à Ucrânia a anúncios de investigações que favoreceriam sua campanha pela reeleição. Já a segunda, ele obstruiu o inquérito de impeachment ao instruir testemunhas e agências que ignorassem as intimações oficiais da Câmara, de maioria democrata.
Agora, a partir desta quarta-feita (04/12), serão realizadas as audiências que determinarão as acusações formais que serão apresentadas aos deputados norte-americanos.