O senador republicano pelo Arizona John McCain criticou nesta segunda-feira (01/08) as declarações do candidato do partido para as eleições dos EUA, Donald Trump, sobre a família de um soldado muçulmano do país morto no Iraque. Além dele, outros membros do partido, incluindo o governador republicano do Estado de Ohio e rival de Trump nas primárias, John Kasich, condenaram a postura de Trump no episódio.
Agência Efe
Khizr Khan e sua mulher, Ghazala, durante convenção democrata na Filadélfia
“Recentemente, Donald Trump menosprezou os pais de um soldado caído”, disse McCain em um comunicado, em referência a Khizr Khan e sua mulher, Ghazala, pais do capitão do Exército Humayun Khan, morto no Iraque em 2004.
Ao comentar o discurso de Khizr Khan durante a Convenção Nacional Democrata, Donald Trump disse que a esposa dele, Ghazala, estava em silêncio por ser muçulmana e, por isso, não estaria “autorizada” a falar.
“É hora de Donald Trump dar exemplo para o nosso país e para o Partido Republicano. O fato de o partido ter dado a ele a nomeação não lhe dá o direito de difamar aqueles que são os melhores entre nós”, disse.
O governador republicano do Estado de Ohio e rival de Trump durante as primárias, John Kasich, repudiou as declarações do candidato presidencial. “Só há uma maneira de se referir a pais 'Estrela Dourada': com honra e respeito. O capitão Khan é um herói e juntos devemos rezar por sua família”, escreveu em seu Twitter.
There's only one way to talk about Gold Star parents: with honor and respect. Capt. Khan is a hero. Together, we should pray for his family.
— John Kasich (@JohnKasich) 31 de julho de 2016
A comentarista política e estrategista republicana, Ana Navarro, também criticou o candidato. “Justamente quando pensava que Trump não poderia ser um idiota maior, ele prova que eu estava errada”, escreveu ela no Twitter. “Mexer com a mãe do capitão Khan é muito rude”.
Just when I think, Trump can't possibly be a bigger jerk, he proves me wrong. Picking on Cpt. Khan's mom is gross. https://t.co/9YIhP5XAgQ
— Ana Navarro (@ananavarro) 30 de julho de 2016
Em seu discurso no último dia da convenção democrata, Khizr Khan – cidadão norte-americano nascido no Paquistão – enalteceu o patriotismo do filho e criticou a postura de Trump em relação a imigrantes e a muçulmanos. Uma das propostas de maior destaque na campanha de Trump é a de suspender a entrada de muçulmanos no país.
Segundo Khan, Trump “desrespeita outras minorias, mulheres, juízes, até mesmo líderes de seu partido. Promete construir muros e excluir todos nós deste país”.
A resposta de Trump veio no final de semana. Em entrevistas a veículos de imprensa dos Estados Unidosk, ele comentou sobre o silêncio de Ghazala.
“Se você olhar para a mulher, ela está ali, de pé. Não tinha nada a dizer. Provavelmente, talvez, não deixaram que falasse. Vamos ver”, declarou Trump no programa de TV “This Week”, da rede ABC.
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Em carta publicada pelo jornal Washington Post, Ghazala respondeu aos comentários do republicano.
“Donald Trump perguntou porque eu não falei na convenção democrata. Ele disse que queria ouvir de mim. Aqui está minha resposta para Donald Trump: porque mesmo sem dizer uma coisa, o mundo todo, toda a América, sentiu minha dor. Eu sou a mãe Estrela Dourada. Quem me viu, me sentiu nos seus corações”.
Ela disse também que Trump é “ignorante” sobre o islamismo e o acusou de não saber o significado da palavra sacrifício.
Bode expiatório
A candidata presidencial democrata, Hillary Clinton, disse que Trump insultou uma família que fez um grande sacrifício e acusou o concorrente de usar os pais do soldado como bode expiatório.
“Não me ressinto de ninguém de outra fé ou sem fé nenhuma, mas estremeço diante daqueles que seriam capazes de fazer outros norte-americanos de bodes expiatórios, de insultar as pessoas por causa de sua religião, sua etnia, sua deficiência”, disse Hillary durante uma atividade nos Ministérios do Templo Imani, uma igreja afro-norte-americana de Cleveland Heights, no Ohio.
Hillary à frente das pesquisas
Uma pesquisa divulgada neste domingo indicou Hillary Clinton à frente de Donald Trump.
De acordo com a pesquisa, feita pelo site de informação política Morning Consult e elaborada entre 29 e 30 de julho, 43% dos 1.931 eleitores consultados votariam em Hillary, enquanto o rival conta com 40%.
Essa foi a primeira pesquisa publicada após a Convenção Democrata que ocorreu na semana passada. O movimento segue uma tendência em eleições norte-americanas, que é o crescimento de um candidato após a convenção de cada partido.