Ativistas do Greenpeace detidos na Rússia enquanto protestavam contra a exploração de petróleo no Ártico foram formalmente acusados de pirataria por uma corte russa nesta quarta-feira (02/10). O grupo, formado por 30 pessoas de 18 países diferentes, foi preso no último mês depois que dois seus integrantes escalaram uma plataforma da Gazprom, a estatal de petróleo e gás do país, no Mar de Barents.
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Até agora, 14 pessoas foram acusadas pelo Comitê Investigativo, autarquia com funções semelhantes às da Polícia Federal, por “pirataria de um grupo organizado”, delito que pode levar a uma sentença de 15 anos de prisão. Entre os supostos piratas estão ativistas de Argentina, Grã-Bretanha, Finlândia, Holanda, Polônia, Rússia e Ucrânia, além de uma pessoa com dupla cidadania dos EUA e da Suécia, um cinegrafista britânico que documentava o protesto e a bióloga brasileira Ana Paula Alminhana Maciel.
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“Consideramos as acusações absolutamente infundadas e ilegais. Nossos ativistas não tinham motivo para roubar a propriedade de ninguém. Não houve crime”, afirmou o advogado do Greenpeace, Mikhail Kreindlin, à agência de notícias russa Interfax. “É uma acusação extrema e desproporcional”, disse o diretor executivo internacional da organização, Kumi Naidoo.
Agência Efe
Imagem divulgada pelo Greenpeace do momento em que seus ativistas são detidos pela polícia russa
Já o primeiro-ministro e ex-presidente russo Dmitri Medvedev afirmou que preocupação com o ambiente não justifica infrações à lei. “Preocupação ambiental não pode ser um disfarce para ações ilegais, não importa quão boas sejam as intenções motivando os participantes”, disse, em uma plataforma de extração de óleo no mar Cáspio, no sudeste da cidade de Astrakhan.
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O próprio presidente da Rússia, Vladimir Putin, já havia declarado não acreditar que os ativistas do Greenpeace que foram presos eram piratas. Ainda assim, ele disse que haviam violado leis internacionais. Segundo a organização, mais pessoas devem ser acusadas amanhã (03).
O Comitê Investigativo declarou no início desta semana que objetivos pacíficos não justificavam o que descreveu como “ataque” que apresentou uma ameaça à plataforma de exploração no Ártico e aos funcionários que trabalhavam lá.
No último mês, um navio do Greenpeace se aproximou da plataforma de Prirazlomnaya, a primeira do tipo construída pela Rússia no Ártico e que deve começar a operar no final do ano. Dois ativistas tentaram entrar no local e amarrar-se a ele, em uma tentativa de chamar atenção para o aumento da exploração de gás e petróleo na região. Eles logo foram detidos por autoridades russas e levados para a prisão de Murmansk.