A Rússia está analisando com atenção a proposta da China para promover uma negociação visando um acordo de paz para a guerra com a Ucrânia. O porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, realizou uma coletiva nesta segunda-feira (27/02) assegurando que “qualquer iniciativa que vise transferir o conflito para um curso pacífico merece a nossa atenção”.
O plano de Pequim foi apresentado na última sexta-feira (24/02) e consiste em estabelecer doze pontos de concordância entre Moscou e Kiev para encerrar as hostilidades e garantir um cessar-fogo.
Segundo Peskov, “este é um processo que precisa ser analisado minuciosamente consideramos que há boas intenções [por parte da China] e estamos de acordo com todos so doze pontos levantados, mas uma adesão requer saber da reação de outras partes envolvidas”.
Entre os doze pontos considerados cruciais para uma negociação de paz, de acordo com a proposta do Ministério das Relações Exteriores da China, estão: 1) respeitar a soberania de todos os países; 2) abandonar a mentalidade da Guerra Fria; 3) cessar as hostilidades; 4) retomar as negociações de paz; 5) resolver a crise humanitária; 6) proteger a população civil e os prisioneiros de guerra; 7) manter a segurança das usinas nucleares; 8) reduzir os riscos estratégicos; 9) facilitar as exportações de grãos; 10) fim das sanções unilaterais; 11) manter as cadeias de suprimentos estáveis; 12) promover a reconstrução pós-conflito.
Na coletiva, Peskov afirmou que a Rússia está especialmente satisfeita com ao menos três pontos da proposta chinesa: o fim das sanções unilaterais, a proteção a população civil e prisioneiros de guerra e a exigência do fim das hostilidades considerando que elas partem de ambos os lados – uma das principais queixas de Moscou com relação à narrativa dos Estados Unidos e dos países europeus é a de tentar mostrar a Ucrânia como um país que não comete agressões.
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Porta-voz do Kremlin afirmou que o governo da Rússia vê com bons olhos a proposta da China para negociar um acordo de paz com a Ucrânia
Transnístria
Contudo, o porta-voz russo afirmou que as negociações de paz devem envolver todos os conflitos da região, para se estabelecer uma paz mais abrangente e duradoura, o que, segundo o governo do seu país, deveria incluir as crescentes tensões na região da Transnístria, no Leste da Moldávia.
Assim como as províncias do Donbas, em território outrora ucraniano [hoje em disputa], a possui uma grande população russoparlante e que busca autonomia com relação ao governo moldavo – existe também um movimento separatista na região, assim como em Donetsk e Lugansk, que tentam se separar da Ucrânia e cujas independências foram reconhecidas oficialmente por Moscou.
Peskov disse que essas comunidades vêm sofrendo ameaças por parte das autoridades e de grupos nacionalistas da Moldávia, e que Moscou está monitorando a situação na região, devido ao temor de alguma “provocação armada” por parte da pequena república que também foi parte da União Soviética.
“Sabemos que nossos oponentes, tanto no regime ucraniano quanto em países europeus, são capazes de vários tipos de provocações e estamos familiarizados com esta situação, mas esperamos que as conversas sobre a paz na região envolvam todas essas questões, não apenas algumas delas”, concluiu o porta-voz russo.