Os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos, Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden, respectivamente, lançaram nesta quarta-feira (20/09), após seu encontro à margem da Assembleia Geral da ONU, nos Estados Unidos, uma declaração conjunta em prol dos direitos trabalhistas.
“Nossos governos afirmam o compromisso mútuo com os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e a promoção do trabalho digno”, declara o documento, veiculado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
O lançamento da iniciativa havia sido anunciado em agosto, após um telefonema entre os presidentes, e prevê não só o aumento do número de empregos, mas também a melhoria das condições laborais.
A ideia é também ampliar a colaboração entre os governos com os sindicatos e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), cujo diretor, Gilbert F. Houngbo, também participou do lançamento.
Assim, o comunicado reconhece o papel que os trabalhadores tiveram na construção dos países, além de reconhecer as lutas de seus sindicatos “pela proteção no local de trabalho, pela justiça na economia e pela democracia nas nossas sociedades”.
A declaração é feita “face aos complexos desafios globais, desde as alterações climáticas ao aumento dos níveis de pobreza e à desigualdade econômica”, uma realidade que exige “colocar os trabalhadores e trabalhadoras no centro das soluções políticas”.
Desta forma, se propuseram a enfrentar “cinco dos desafios mais urgentes enfrentados pelos trabalhadores”: proteção de seus direitos, inclusive acabando com a exploração e o trabalho infantil; promoção do trabalho seguro e decente; abordagens centradas nos trabalhadores que executem a transição energética; aproveitamento da tecnologia; e combate à discriminação no mundo do trabalho, especialmente para mulheres, pessoas LGBTQI e grupos raciais e étnicos marginalizados.
Reunião entre Lula e Biden
Antes da reunião em que lançaram o comunicado, os dois líderes falaram à imprensa. Biden agradeceu Lula pela parceria e disse que o anúncio “seria uma honra”.
“Estamos promovendo o crescimento inclusivo. As duas maiores democracias do hemisfério ocidental estão defendendo os direitos humanos, incluindo os direitos dos trabalhadores. Será uma honra lançar a nova parceria. Obrigado por estar aqui, espero continuar trabalhando juntos”.
Lula, por sua vez, classificou o encontro como “histórico”: “É uma satisfação um encontro do governo brasileiro com o norte-americano”, afirmou Lula.
“Eu acompanhei seu discurso de posse, eu nunca tinha visto um presidente norte-americano falar dos trabalhadores como o senhor falou. Eu venho do mundo do trabalho, e acho que está muito precarizado. Sua ideia de apresentar uma proposta que poderá ir até o G20 é muito importante para o Brasil, para Estados Unidos e para o mundo”, acrescentou Lula para o presidente dos EUA.
Leia a declaração na íntegra:
Nossos governos afirmam o compromisso mútuo com os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e a promoção do trabalho digno.
Os trabalhadores e trabalhadoras construíram os nossos países – desde as nossas infraestruturas mais básicas e serviços críticos, à educação dos nossos jovens, ao cuidado dos nossos idosos, até nossas tecnologias mais avançadas. Os trabalhadores e trabalhadoras e os seus sindicatos lutaram pela proteção no local de trabalho, pela justiça na economia e pela democracia nas nossas sociedades – eles estão no centro das economias dinâmicas e do mundo saudável e sustentável que procuramos construir para os nossos filhos. Face aos complexos desafios globais, desde as alterações climáticas ao aumento dos níveis de pobreza e à desigualdade econômica, devemos colocar os trabalhadores e trabalhadoras no centro das nossas soluções políticas. Devemos apoiar os trabalhadores e trabalhadoras e capacitá-los para impulsionar a inovação que necessitamos urgentemente para garantir o nosso futuro.
Hoje, os Estados Unidos e o Brasil anunciam o lançamento da nossa iniciativa global conjunta para elevar o papel central e crítico que os trabalhadores e trabalhadoras desempenham num mundo sustentável, democrático, equitativo e pacífico. Já compartilhamos a compreensão e o compromisso de abordar questões críticas de desigualdade econômica, salvaguardar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, abordar a discriminação em todas as suas formas e garantir uma transição justa para energias limpas. A promoção do trabalho digno é fundamental para a consecução da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Também estamos preocupados e atentos aos efeitos no trabalho da digitalização das economias e do uso profissional da inteligência artificial no mundo do trabalho.
Com esta nova iniciativa, pretendemos expandir a nossa ambição e reforçar nossa parceria para enfrentar cinco dos desafios mais urgentes enfrentados pelos trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo: (1) proteger os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, tal como descritos nas convenções fundamentais da OIT, capacitando os trabalhadores e trabalhadoras, acabando com exploração no trabalho, incluindo o trabalho forçado e trabalho infantil; (2) promoção do trabalho seguro, saudável e decente, e responsabilização no investimento público e privado; (3) promover abordagens centradas nos trabalhadores e trabalhadoras para as transições digitais e de energia limpa; (4) aproveitar a tecnologia para o benefício de todos; e (5) combater a discriminação no local de trabalho, especialmente para mulheres, pessoas LGBTQI e grupos raciais e étnicos marginalizados. Pretendemos trabalhar em colaboração entre os nossos governos e com os nossos parceiros sindicais para fazer avançar estas questões urgentes durante o próximo ano, vislumbrando uma agenda comum para discutir com outros países no G20 e na COP 28, COP 30 e além.
Saudamos o apoio e a participação dos líderes sindicais dos nossos países e das organizações globais, bem como da liderança da Organização Internacional do Trabalho, e esperamos que outros parceiros e aliados se juntem a este esforço. Juntos, podemos criar uma economia sustentável baseada na prosperidade compartilhada e no respeito pela dignidade e pelos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
(*) Com Ansa