Confirmando o anúncio realizado em agosto passado, o bloco Brics passou a integrar oficialmente, nesta segunda-feira (01/01), cinco novos membros, no que agora passa a se chamar Brics+.
O organismo até então conformado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul agora contará também com a presença de Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Irã.
A inclusão dos novos membros foi revelada em agosto, durante a última cúpula do bloco, realizada na cidade sul-africana de Johanesburgo.
Na ocasião, foi divulgada uma lista de seis novos membros, que incluía também a Argentina, país que acabou rechaçando seu ingresso por decisão de seu novo presidente, o líder de extrema direita Javier Milei.
Desistência argentina
A entrada do país vizinho havia sido promovido a pedido do Brasil, a partir da boa relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o então mandatário argentino Alberto Fernández.
Porém, com a mudança de governo no país platino após as eleições de 2023, as coisas mudaram. O novo presidente Javier Milei, de extrema direita, afirmou que pretende fortalecer as relações de Buenos Aires com os países do Ocidente, citando Estados Unidos, Israel e a União Europeia como prioridades da sua agenda internacional.
Durante a campanha eleitoral, Milei chegou a proferir ataques verbais a Lula e ao presidente chinês Xi Jinping, líderes de dois dos membros fundadores do Brics, e prometeu que não aceitaria a inclusão de seu país ao bloco.
Flickr
Brics passou a ter cinco novos membros, dobrando o número de integrantes do bloco
Após a vitória nas urnas, o extremista mudou seu discurso e passou a buscar uma relação mais amena com Brasília e Pequim, mas manteve sua postura com relação ao Brics.
“Algumas decisões tomadas pela gestão anterior (de Fernández) serão revisadas, entre elas, encontra-se a participação ativa do país no Brics”, declarou Milei, poucos dias depois de sua posse como presidente.
Sul Global
Após a desistência da Argentina, os líderes do Brics estariam cogitando a substituição do país por um novo integrante da América Latina, mas ainda não foi anunciado nenhuma informação oficial a respeito.
Antes da cúpula de agosto, mais de 40 países chegaram a manifestar seu interesse em se unir ao Brics, e 23 deles chegaram a apresentar um pedido formal. Entre os candidatos latinos, além da Argentina (por iniciativa do ex-presidente Fernández), estavam Bolívia, Cuba e Venezuela.
Na ocasião da cúpula de agosto, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva chegou a ressaltar o interesse de diversos países em aderir ao Brics como um sinal de que o bloco poderia ser o líder do “Sul Global”, que consolidaria um contraponto geopolítico ao “Ocidente”, integrado pelos Estados Unidos, Canadá, Japão, Israel, Reino Unido e União Europeia.
“A relevância do Brics é confirmada pelo interesse crescente que outros países em formar parte de uma organização que represente um mundo mais inclusivo”, declarou Lula durante o evento em Johanesburgo.