O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciou neste domingo (23/10) que decidiu não concorrer às primárias do Partido Conservador para substituir Liz Truss como líder da legenda e premiê do Reino Unido. Com sua desistência, o ex-ministro das Finanças Rishi Sunak passa a ser o favorito para assumir o cargo.
Em comunicado, Johnson afirmou contar com o apoio necessário dos parlamentares conservadores para entrar na disputa, porém, considerou que não seria a coisa certa a fazer. Ele já esteve à frente do governo britânico até julho e renunciou após uma série de polêmicas envolvendo festas realizadas na residência oficial durante a pandemia.
“Nos últimos dias, fiquei impressionado com o número de pessoas que sugeriram que eu deveria mais uma vez disputar a liderança do Partido Conservador, tanto entre o público quanto entre amigos e colegas no Parlamento”, declarou Johnson, acrescentando que chegou a conclusão que essa não seria a decisão correta. “Não se pode governar de maneira efetiva a menos que tenha um partido unido no Parlamento.”
No comunicado, Johnson também indicou que havia contatado os outros dois candidatos, o ex-ministro da Economia, Rishi Sunak, e a líder dos conservadores na Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, porque esperava uni-los no interesse nacional, mas “infelizmente não foram capazes de encontrar uma maneira de fazê-lo”.
“Por isso, temo que seja melhor não permitir que minha nomeação vá adiante e comprometo meu apoio a quem for bem-sucedido. Acho que tenho muito a oferecer, mas temo que o momento simplesmente não seja o adequado”, concluiu.
Johnson foi forçado a deixar o cargo em julho em meio a uma debandada de membros do gabinete do primeiro-ministro britânico, incluindo Sunak, que renunciou ao cargo de ministro das Finanças.
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Rishi Sunak (dir.) foi ministro das Finanças durante o governo de Boris Johnson (esq.)
A aparente tentativa de retorno do ex-primeiro-ministro recebeu reações mistas de dentro de seu próprio partido. Apoiadores dizem que ele é uma figura popular que pode atrair votos, enquanto críticos alertam que seu retorno seria uma catástrofe para o futuro do partido.
Novo favorito
Após a saída de Johnson, Liz Truss assumiu o cargo, porém, ficou apenas seis semanas na função. Ela estava sob pressão desde que lançou um programa fiscal com cortes de impostos, que causou turbulência nos mercados financeiros.
O Partido Conservador está realizando uma disputa acelerada para escolher um novo primeiro-ministro dentro de uma semana. De acordo com as regras, um máximo de três candidatos poderão se qualificar a partir de uma votação entre os legisladores. Os candidatos precisam de cem indicações de legisladores conservadores para se qualificarem.
Após o anúncio de Johnson, restam até o momento apenas dois candidatos a sucessor de Truss: Sunak, que já teria tingido o apoio necessário, e a líder da Câmara dos Comuns, Penny Mordaunt, que ainda busca apoio para oficializar a candidatura. O prazo para a formação de candidaturas termina no início da tarde desta segunda-feira.
De acordo com estimativas da imprensa, Sunak tem o apoio de 144 parlamentares conservadores, enquanto Mordaunt tem 24.
Sunak, de 42 anos, é o favorito na disputa. Ele já havia disputado o cargo após a renúncia de Johnson, mas acabou perdendo para Truss.
Se houver apenas um candidato, este será declarado vencedor e sucederá rapidamente Truss na chefia do governo sem necessidade de eleições legislativas, pois o primeiro-ministro é tradicionalmente o líder do partido com maioria parlamentar. Caso haja mais de um candidato, haverá uma eleição partidária interna para decidir o sucessor da ex-primeira-ministra.
A votação deve ocorrer nesta semana e o novo premiê deverá ser anunciado até sexta-feira. Quando Johnson renunciou em julho, o processo eleitoral demorou quase nove semanas, tendo Liz Truss sido anunciada a vencedora, com 57% dos votos, no início de setembro.