Atualizada às 16h25
Senadores dos partidos Democrata e Republicano fecharam nesta quarta-feira (16/10) um acordo que pode reabrir o governo e aumentar o teto da dívida (evitando moratória), após 16 dias de impasse. A Câmara dos Representantes, de maioria republicana, deve votar o projeto primeiro, ainda na tarde de hoje, mas não se sabe se o texto terá o apoio necessário da oposição para passar.
Pelo acordo, o Congresso aprova um orçamento que permite ao governo ficar aberto até o dia 15 de janeiro; aumenta o teto da dívida até 7 de fevereiro; estabelece a criação de uma comissão bipartidária que tem até 13 de dezembro para propor alterações nos gastos da administração; paga retroativamente funcionários que ficaram sem receber durante o fechamento; e deixa mais severa a conferência da renda dos beneficiários do Obamacare, programa de saúde que é a marca do governo do democrata Barack Obama.
Por meio de seu porta-voz, Jay Carney, a Casa Branca anunciou que apoia o acordo do Senado e acredita que isso “vai reabrir o governo e remover a ameaça que já está prejudicando as famílias de classe média e os negócios ao redor do mundo”.
Agência Efe
Harry Reid, líder da maioria democrata no Senado, chega no Capitólio; acordo pode acabar com risco de moratória
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Se aprovado, o projeto representa uma derrota para a linha mais conservadora do Partido Republicano, o Tea Party – que vinculava a retirada do financiamento do Obamacare ao fim do shutdown. Além disso, um eventual sucesso do texto afasta, pelo menos temporariamente, o risco de o governo não ter dinheiro para pagar suas dívidas – o que, segundo o Departamento de Tesouro norte-americano, começa a acontecer nesta quinta (17).
Na terça-feira (15/10), a Casa Branca rejeitou – e a Câmara decidiu nem votar – outro projeto, apresentado pelos republicanos, que previa o estabelecimento destes mesmos prazos, mas anulava a cobrança de um imposto previsto no Obamacare.
Segundo a porta-voz para Assuntos Econômicos do governo Obama, Amy Brundage, a ideia era “uma tentativa partidária de agradar a um pequeno grupo dos republicanos do Tea Party [fração mais conservadora do partido], que forçou o fechamento do governo em primeiro lugar”.
Repercussão
O Tea Party Patriots, organização política que promove ativismo “fiscalmente responsável” como parte do movimento Tea Party, já se declarou contrário ao acordo feito pelo Senado, classificando-o como “uma traição completa”. “O presidente [da Câmara] John Boehner e a Câmara devem ficar firmes e rejeitar este acordo antes que seja tarde demais”, afirmou a líder do Patriots, Jenny Beth Martin.
O senador republicano Ted Cruz, um dos maiores opositores do Obamacare, também se disse contrário à proposta e afirmou ser contrário à ideia de que o Partido Republicano não conseguiu nada depois de semanas de esforço. “Se os republicanos do Senado tivessem apoiado os da Câmara, as consequências disso, eu acredito, teriam sido muito, muito diferentes”, declarou. Ainda assim, ele assegurou que não pretende atrasar a votação do projeto.
Nancy Pelosi, líder da minoria democrata na Câmara, afirmou à emissora MSNBC “nós vamos passar [o acordo] na Câmara”. “Acho que os republicanos até se esqueceram de para que era o fechamento do governo”, afirmou. Ela também elogiou a atuação de Harry Reid na negociação e o chamou de “mestre”. “Ele foi esplêndido – intelectualmente, politicamente astuto”.
Boehner, por sua vez, afirmou que levará o projeto do Senado à Câmara e deu a entender que apoia o acordo. “Nós lutamos bem. Só que não ganhamos. Não há razão para os nossos membros votarem 'não' hoje”, declarou à rádio WLW-AM.