Um “número significativo” de documentos secretos de inteligência dos EUA sobre a Coreia do Sul vazados nas últimas semanas foram “falsificados”, disse a presidência sul-coreana na terça-feira (11/04).
O vazamento, que o Pentágono diz representar um risco “muito sério” para a segurança nacional dos EUA, causou constrangimento diplomático. Alguns dos documentos vazados realmente parecem indicar que Washington coleta informações sobre seus aliados, como Israel e Coreia do Sul.
Segundo relatos da imprensa, vários documentos apontam para a preocupação de altos funcionários da segurança nacional sul-coreana, que temem que armas e munições produzidas em seu país acabem sendo usadas na Ucrânia. Tal eventualidade constituiria uma violação da política de Seul de não vender armas a países em guerra.
Durante um telefonema na terça-feira, os ministros da Defesa americano e sul-coreano, no entanto, estimaram que “um número significativo dos documentos em questão foi falsificado”, segundo um comunicado de imprensa da presidência sul-coreana.
Dezenas de fotos dos documentos circulam há pelo menos várias semanas nas redes sociais e serviços de mensagens como Twitter, Telegram e Discord.
Verificando veracidade
O Pentágono disse que está trabalhando para determinar se os documentos são genuínos e disse que pelo menos um deles parece ter sido manipulado.
O vazamento levou as autoridades americanas a tranquilizar aliados como a Coreia do Sul, que forneceu ajuda humanitária e não letal à Ucrânia após o início da invasão russa do país em 2022.
CIA/Wikimedia Commons
Segundo relatos da imprensa, vários documentos apontam para a preocupação de altos funcionários da segurança nacional sul-coreana
A revelação de supostas conversas sobre a Ucrânia entre altos funcionários da segurança nacional gerou críticas na Coreia do Sul sobre a vulnerabilidade das comunicações dentro das principais administrações do país, incluindo a presidência.
O gabinete do presidente Yoon Suk Yeol se defendeu na terça-feira, dizendo que a “segurança é blindada” e que as acusações de escuta eram “mentiras insanas”.
Yoon deve fazer uma visita de Estado aos Estados Unidos em abril.
'Nós não sabemos;
“Nós não sabemos. Nós realmente não sabemos”, afirmou John Kirby, coordenador para questões estratégicas e de segurança nacional diante de repórteres que o pressionaram com perguntas após um fim de semana de revelações, relata o correspondente da RFI em Washington, Guillaume Naudin.
Kirby explicou que a administração e as diversas agências que compõem a comunidade de inteligência dos EUA ainda estão avaliando a situação.
No entanto, o acesso aos memorandos para os chefes do Estado-Maior foi limitado. A Casa Branca também informou que conversas de alto nível foram realizadas com os países envolvidos nos documentos, o que inclui Israel, a Ucrânia e Coreia do Sul.
Kiev levanta a suspeita de uma operação de desinformação e manipulação. Para o benefício de quem? É difícil dizer, uma vez que Moscou denuncia o mesmo, mas, ao mesmo tempo, considera estes documentos “interessantes”.