A edição do fim de semana de 2 e 3 de março do jornal Libération traz uma reportagem da enviada especial ao Rio de Janeiro para a cobertura do Carnaval. A jornalista destaca o engajamento político, dos sambódromos aos blocos de rua.
“Rio de Janeiro, os 1001 Carnavais” é o título da matéria publicada por Libé. Segundo o diário, a festa ganhou uma conotação diferente neste ano, sob “a sombra do presidente Jair Bolsonaro, conhecido por seus propósitos racistas e homofóbicos”. “Mais do que nunca, o desfile será militante”, escreve a repórter.
Libération destaca que, desde o ano passado, o clima do Carnaval no sambódromo do Rio se tornou tenso, com o financiamento público cortado pela metade. As escolas de samba também intensificaram seu posicionamento político.
A Beija-Flor, campeã de 2018 no Rio, realizou um desfile que mostra “o mal-estar da sociedade” brasileira. Destacando o cotidiano das favelas, empresários desonestos, policiais assassinados e a desigualdade no país, “ela cantou e dançou sua crítica a um Brasil gangrenado pela intolerância, a corrupção e a violência”, publica o jornal.
Em 2019, “com um verão tão sufocante quanto o clima político”, a tensão no Carnaval não é menor, avalia Libération. Não apenas durante os desfiles, como também nos tradicionais blocos de rua no Rio.
“Por todos os lugares, destacam-se as mensagens políticas e vários são os blocos a expor seu engajamento em suas bandeiras”, ressalta, citando como exemplo o bloco Cordão do Prata Preta, cujos foliões se dizem comunistas ou “revolucionários”, como explica um folião à repórter.
Momento de reivindicação
Para a correspondente da RFI no Rio de Janeiro, Sarah Cozzolino, o Carnaval é “um momento de liberdade, exageros, mas também de reivindicações no novo contexto político criado pela eleição de Jair Bolsonaro”. Em entrevista à repórter, foliões de blocos de rua cariocas explicaram que o evento torna-se cada vez mais propício para realizar críticas aos governantes.
A jornalista denota que os desfiles também são utilizados para passar mensagens políticas. “Fora Crivella”, dizem vários cartazes exibidos no sambódromo contra o prefeito do Rio, “que despreza abertamente o Carnaval”. Além disso, “esse ano, a mítica escola de samba Mangueira homenageará Marielle Franco, assassinada no ano passado”, destaca.
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As escolas de samba também intensificaram seu posicionamento político