Ao contrário de Carabobo I e Carabobo III, o terceiro campo de petróleo na Faixa do Orinoco incluído na licitação realizada pelo governo da Venezuela e aberta à participação estrangeira não foi concedido a nenhum consórcio ontem (10), por falta de propostas. Enquanto o primeiro será explorado pelo consórcio liderado pela espanhola Repsol e o segundo pela norte-americana Chevron, o campo de Carabobo II terá de esperar.
Apesar de o governo ter convidado 52 empresas para o processo de licitação, há dois anos, e do fato de 19 delas terem aceitado pagar uma taxa de 2 milhões de dólares para se registrar, aparentemente os consórcios da Chevron e da Repsol foram os únicos candidatos no final. Muitas empresas ficaram fora, seja para se concentrar nas respectivas produções internas – o caso da Petrobras, depois que descobriu as reservas do pré-sal –, seja por medo de mudanças futuras na legislação venezuelana.
A concessão do campo de gás de Mariscal Sucre, também prevista para ser anunciada esta semana, não conseguiu atrair nenhuma proposta.
Anunciado pela primeira vez em 30 de outubro de 2009, o leilão de Carabobo foi adiado varias vezes por causa das dificuldades de negociações entre o governo venezuelano e as empresas. A discussão ficou ainda mais acirrada depois da crise econômica mundial, que provocou uma queda brutal do preço do petróleo. Para as empresas, o investimento na Faixa do Orinoco não seria interessante se as perspectivas de preço não se mantivessem em um nível alto, já que a produção do petróleo pesado é muito cara. Ela exige a construção de usinas sofisticadas, chamadas upgraders, que transformam o produto extraído em petróleo líquido.
Em novembro de 2009, o ministro de gás e petróleo Rafael Ramírez anunciou que as exigências do governo seriam amenizadas para facilitar as negociações com as multinacionais. Embora os detalhes dos novos critérios não tenham sido publicados, o ministro deu a entender que o governo poderia baixar os royalties de 30% para 20% – o mínimo autorizado por lei.
Incentivos
Ramírez também mencionou a possibilidade de diminuir os impostos de 50% para 34% para as empresas que se comprometessem a construir refinarias especializadas capazes de processar o petróleo pesado venezuelano para exportá-lo diretamente. Atualmente, a maioria do petróleo exportado pela Venezuela é cru. Ele é refinado depois nos Estados Unidos. Cada refinaria custaria entre 6 e 8 bilhões de dólares.
Para incentivar o investimento estrangeiro, o governo também teria concedido um prazo maior para o pagamento dos chamados “bônus”, que são um direito de entrada. Outra opção era diminuir o tributo especial quando o petróleo passar limites de 70 e de 100 dólares por barril.
A Chevron e a Repsol sempre mantiveram boas relações com o governo Chávez, ao contrario das norte-americanas ExxonMobil e ConocoPhillips, que não aceitaram as condições de desapropriação ordenadas pelo presidente venezuelano em 2007. Ambas estão pedindo a intervenção de uma arbitragem internacional na disputa com o governo.
NULL
NULL
NULL