O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (08/05), durante discurso proferido na Casa Branca, que o país vai deixar o acordo nuclear com o Irã, assinado em 2015 durante o governo do democrata Barack Obama, e reinstalar as sanções contra o país.
“Não temos como prevenir que o Irã tenha armas nucleares com o atual acordo. Este é um acordo horrível, unilateral, que nunca deveria ter sido feito. Não trouxe calma, não trouxe paz e nunca trará.”, afirmou.
Trump também disse que os EUA possuem “provas de que o Irã mentiu e seguiu com o seu programa nuclear bélico”, em referência a um suposto documento fornecido pelo governo de Israel que comprovaria que o Irã mantém um programa nuclear secreto. O Irã negou a existência do suposto programa e afirmou que a alegação é uma “propaganda ridícula”.
“Os EUA não fazemem mais ameaças vazias. Quando faço promessas, eu cumpro”, disse. O presidente, no entanto, não especificou quais sanções serão retomadas e como elas serão aplicadas.
Primeiras ações
Desde outubro de 2017, quando se negou a certificar que o pacto era “coerente” com os interesses de segurança nacional dos EUA, o mandatário já dava sinais de que pretendia deixar o tratado, mesmo que diversos inspetores internacionais defendessem que Teerã estava respeitando seu compromisso de não fabricar bombas atômicas.
Na ocasião, Trump afirmou que o Irã violou regras “várias vezes” e não estava “cumprindo o espírito” do pacto. “Quanto mais nós ignorarmos uma ameaça, mais perigosa ela é”, afirmou.
Nesta terça, Trump também avisou ao presidente francês Emanuel Macron que deixaria o acordo. A informação foi revelada ao jornal norte-americano New York Times por uma fonte que esteve a par da conversa entre os dois.
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Decisão foi anunciada nesta terça-feira (08/05) durante discurso na Casa Branca
A fonte afirmou que Trump não só anunciaria sua saída do pacto, como também voltaria a impor sanções ao Irã que haviam sido retiradas como parte do acordo. Além disso, segundo a fonte, que não foi revelada, o mandatário pretende anunciar novas penalidades contra o país.
Demais signatários
Alguns dos demais signatários fizeram reiterados pedidos para que Trump não deixasse o acordo. A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, chegou a afirmar que o Oriente Médio iria mergulhar em uma guerra devastadora caso o presidente norte-americano se retirasse do pacto.
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O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, também se posicionou contra a saída dos EUA. Em um artigo de opinião publicado nesta segunda pelo New York Times, Johnson afirmou que “neste momento delicado, seria um erro se afastar do acordo nuclear e suspender as restrições, às quais o Irã está submetido”.
Já a ministra das Forças Armadas da França, Florence Parly, afirmou que o país continuará fazendo parte do acordo nuclear, com ou sem os Estados Unidos. “Este acordo não é o melhor do mundo, mas, sem ser perfeito, tem um certo número de virtudes e os iranianos o respeitam” afirmou.
Acordo
O acordo nuclear com o Irã, em vigor desde outubro de 2015, mas aplicado de fato em janeiro de 2016 após a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) certificar que o programa nuclear iraniano tem fins pacíficos, prevê que o Irã não possa fabricar bombas atômicas.
Em troca, sanções de países e da ONU relacionadas ao programa nuclear do Irã foram retiradas imediatamente, incluindo as aplicadas aos setores de finanças, comércio e energia. Bilhões de dólares de bens congelados também foram liberados.
Além de Irã e EUA, o pacto tem como signatários a China, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e União Europeia. Todos os países dizem que o tratado está sendo respeitado por Teerã.