Sábado, 14 de junho de 2025
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O documento conclusivo da cúpula entre União Europeia e Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), finalizada nesta terça-feira (18/07), expressa “profunda preocupação” pela “guerra contra a Ucrânia”, mas não menciona Rússia. 

Todos os países participantes dos dois blocos assinaram o documento, com exceção à discordância no parágrafo 15, relacionado ao conflito entre Kiev e Moscou, que não foi endossado pela Nicarágua. 

O texto, divulgado originalmente em inglês pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil, é concluído após intensas negociações durante a cúpula, que foi realizada em Bruxelas, na Bélgica.

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A guerra na Ucrânia era um grande entrave para a versão final do texto. Enquanto a União Europeia apoia Kiev financeiramente e militarmente, países latino-americanos e caribenhos pregam neutralidade no conflito.

Ainda assim, a União Europeia e a Celac – com exceção de Manágua – concordaram com uma formulação que expressa “profunda preocupação com a guerra em curso contra a Ucrânia”, e não “na Ucrânia”, e apoia “todos os esforços diplomáticos” para uma “paz sustentável e em linha com a Carta das Nações Unidas”.

“Concordamos com uma declaração ambiciosa e que cobre uma vasta gama de áreas para o desenvolvimento futuro. Essa declaração é apoiada por todos os países, com exceção de um, que não conseguiu chegar a um acordo sobre um único parágrafo”, disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, em coletiva de imprensa após a cúpula.

O presidente pro tempore de Celac, Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, reconheceu que “nem todos obtiveram a linguagem que queriam”.

Foi difícil alcançar a declaração, mas chegamos a esse ponto específico”, disse o mandatário.

A política de neutralidade dos países caribenhos e latino-americanos pressionou inclusive para que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não estivesse presente na reunião bilateral.  

Para Gonsalves, o eventual comparecimento do ucraniano na cúpula “não ajudaria” os impasses que as delegações enfrentaram.

Abordagem de conflito entre Kiev e Moscou era obstáculo em negociações entre UE, apoiadora militar e financeira de Kiev, e a política de neutralidade da Celac

Flickr/Palácio do Planalto

Cúpula entre UE e Celac aconteceu entre 17 e 18 de julho, em Bruxelas, na Bélgica

Multilateralismo e outros pontos na agenda

Segundo Michel, a UE e Celac se comprometeram a “agir em conjunto para defender os valores do multilateralismo”. 

“Queremos um mundo plural e baseado nos princípios da Carta das Nações Unidas”, ressaltou o presidente, destacando que os dois blocos decidiram criar um “mecanismo de coordenação permanente” e realizar uma “cúpula do mais alto nível a cada dois anos”.

“Trabalhamos seriamente e intensamente em todos os diversos pontos da nossa agenda, que inclui mudanças climáticas, biodiversidade, transição verde e transição digital”, acrescentou o belga.

Investimentos

Durante a reunião, a UE prometeu investir mais de 45 bilhões de euros nos países da Celac, no âmbito do programa Global Gateway, em áreas como transição verde e digital, conectividade, desenvolvimento humano, transportes públicos e vacinas.

“O importante não é quanto se investe, mas como investimentos. Queremos que os investimentos indiquem padrões ambientais de máxima transparência, queremos que as populações locais tirem vantagem desse novo abastecimento energético”, reforçou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Já a negociação entre UE e Mercosul para um acordo de livre comércio não avançou na cúpula de Bruxelas, mas Von der Leyen disse que a ideia é “resolver todas as diferenças para concluir no máximo até o fim do ano”.

(*) Com Ansa