A população da Faixa de Gaza lembra hoje (27) o aniversário de um ano do começo da operação “Chumbo Fundido”, uma ofensiva do exército israelense no território ocupado e que deixou mais de 1,4 mil mortos (dos quais 60% eram civis) e cerca de cinco mil feridos nos seus 22 dias de duração. Durante a operação, 13 israelenses morreram, sendo que três eram civis.
Fotos: EFE
Membros do Hamas queimam bandeiras de Israel no primeiro aniversário da ofensiva militar ao território
De acordo com políticos e militares israelenses, o objetivo do ataque foi o de cessar os disparos de morteiros (pequenos foguetes) por parte do grupo palestino Hamas contra Israel. Relatório elaborado pela ONU (Organização das Nações Unidas) apontou responsabilidade tanto de Israel quanto do Hamas no episódio.
O líder do Hamas e primeiro-ministro deposto, Ismail Haniyeh, afirmou, em comunicado, que a Faixa de Gaza continua sendo forte. “Israel não conseguiu vencer apesar do enfraquecimento pelo forte bloqueio e as restrições que elevaram o sofrimento entre a população”, disse.
Infra-estrutura
Segundo relatórios publicados pela ONU logo após o fim da ofensiva, 3.530 casas foram completamente destruídas, 2.850 foram muito danificadas e 52.900 parcialmente, além de edifícios governamentais e públicos, centros hospitalares, sedes de organismos internacionais e centenas de prédios residenciais.
Segundo a UNRWA (agência da ONU encarregada de prestar assistência aos refugiados palestinos), mais de mil famílias palestinas ainda vivem em tendas temporárias.
Crianças brincam em meio aos escombros no campo de refugiados de Jabalya, em Gaza
O Escritório Central de Estatísticas palestino estima que o valor do estrago após o conflito equivalha a 1.1 bilhão de dólares, enquanto o Ministério Palestino de Planejamento diz que pelo menos 502 milhões de dólares são necessários para começar reparos da infra-estrutura do país de forma imediata, fora os outros 600 milhões direcionados à reconstrução de casas e prédios.
O cerco imposto por Israel freou o crescimento da economia palestina em Gaza e impediu a reconstrução de milhares de residências e edifícios públicos destruídos na ofensiva.
Segundo Basel Almisshal, arquiteto especialista em desenvolvimento e reconstrução pós-guerra, em artigo escrito para a rede Al-Jazeera, “quase 80% das famílias de Gaza dependem agora de ajuda proveniente da UNRWA e algumas ONGs internacionais”.
De acordo com ele, a necessidade de reconstrução do território remete a 2005, quando houve uma retirada israelense unilateral na região, e não ao conflito que completa um ano.
Na época Israel destruiu seus assentamentos na região deixando para trás toda forma de entulho que prejudicara os planos de desenvolvimento da área. Almisshal conta que apesar da retirada, Israel continuou, em pequenas incursões, a destruir a infra-estrutura palestina em pequenas cidades e campos de refugiados.
Em 2007, juntamente ao trânsito de pessoas, alimentos e dinheiro, Israel proibiu a entrada de material de construção em Gaza, como concreto, vidro e aço.”Israel não alcançou suas metas, porque os milicianos do Hamas seguem atuando e dizem estar preparados para lutar se houver outra ofensiva contra Gaza”, afirmou Assad Abu Sharj, analista político da Universidade Al-Azhar de Gaza à EFE.
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