O reator da usina nuclear iraniana de Bushehr, situada no litoral do Golfo Pérsico, entrou em funcionamento neste sábado (27/11), após anos de atrasos, anunciou o diretor do organismo de energia atômica do país, Ali Akbar Salehi.
“Já foram instaladas todas as barras de combustível e a cúpula do reator foi fechada. Agora só falta esperar a água do núcleo aquecer pouco a pouco”, explicou Salehi, citado pela imprensa oficial.
“Uma vez concluído esse processo esperamos que a central comece a produzir energia elétrica e, assim, possamos conectá-la à rede nacional em até dois meses”, acrescentou.
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Teerã começou a construir a usina nuclear de Bushehr na década 70 com ajuda alemã, um projeto que foi interrompido pelo triunfo da Revolução Islâmica que em 1979 depôs o último Xá de Pérsia, Mohammed Reza Pahlevi.
Os trabalhos, que concluíram neste semestre após uma série de complicações, haviam sido retomados há dez anos com a colaboração da Rússia.
As autoridades nucleares iranianas anunciaram em 21 de agosto que já haviam começado os trabalhos de alimentação da planta e que esta estaria pronta para conectar-se à rede elétrica entre outubro e novembro.
No mês passado, no entanto, o próprio Salehi, deu a entender que a conexão elétrica seria atrasada e talvez não fosse possível colocá-la em atividade até o início de 2011.
Alguns órgãos de imprensa levantaram a possibilidade de que o atraso estivesse relacionado ao ataque informático em escala industrial sofrido pelo Irã em setembro por meio do vírus “Stuxnet”.
As autoridades iranianas admitiram que milhares de direções de IP foram afetadas, mas Salehi reafirmou nesta semana que o vírus não contaminou o sistema de Bushehr.
Sanções
Boa parte da comunidade internacional – com os Estados Unidos e Israel à frente -, acusa o Irã de esconder, sob seu programa nuclear civil, outro de caráter clandestino e objetivos militares para conseguir arsenal atômico, uma alegação que Teerã nega.
A negociação foi rompida em novembro de 2009 depois de o regime iraniano desprezar uma proposta de Washington, Moscou e Londres para trocar seu urânio a 3,5% por combustível nuclear enriquecido a 20% para o seu reator de pesquisa.
Em fevereiro deste ano, o Irã ignorou as advertências da comunidade internacional e começou a enriquecer urânio a 20%, o que levou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas impor novas sanções.
Um mês antes, Irã, Brasil e Turquia selaram um documento conjunto no qual recuperavam essa troca, embora em outras condições, acordo que Teerã deseja agora quer que se transforme em um dos pilares da negociação.
Além disso, Irã pretende que o diálogo seja ampliado em questões que considera “chave” do cenário internacional como terrorismo, narcotráfico, crise regional, segurança energética e a polêmica das armas de destruição em massa, ao que se opõem as grandes potências.
Está previsto que a negociação entre Irã e o denominado grupos 5+1 – integrado pelos países-membros do Conselho de Segurança da ONU mais Alemanha, se retome em 5 de dezembro, em uma capital europeia.
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