A Venezuela acusou, neste domingo (01/10), a Guiana de ter uma atitude “arrogante e hostil”, depois que o governo guianês se negou a participar de uma reunião proposta pelo presidente Nicolás Maduro para resolver a controvérsia territorial entre os dois países. As reservas naturais da região estão no centro das tensões.
A Guiana “mais uma vez se mostra um governo subalterno, refém da transnacional ExxonMobil, que a proíbe de retomar o diálogo soberano com a Venezuela”, disse em um comunicado a chancelaria venezuelana. “A posição arrogante e hostil da Guiana, negando o diálogo e a diplomacia, é o maior obstáculo para alcançar uma solução”, continuou.
A Guiana se negou no sábado (30/09) a participar da reunião de “alto nível” proposta na segunda-feira por Maduro, que busca resolver, por meio da negociação, a controvérsia territorial de Essequibo, uma região de 160.000 km² rica em recursos naturais.
A disputa, que remonta ao Século XX, foi revivida em 2015 quando a americana ExxonMobil encontrou reservas de petróleo em frente ao litoral do país. As licitações petrolíferas iniciadas recentemente pelo governo guianês nas águas em disputa aumentaram ainda mais as tensões.
Ministério de Relações Exteriores da Venezuela
Região de Essequibo, rica em recursos naturais, é alvo de disputa entre Venezuela e Guiana desde 2015
A negativa do governo da Guiana se deve ao fato de considerar que a via para resolver a disputa é a Corte Internacional de Justiça (CIJ), que trata do tema desde 2018, quando o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lhe delegou o caso após mais de duas décadas de negociações sem “avanços significativos”. A Guiana “não participará de nenhuma evasão” da Corte Internacional de Justiça, disse o governo guianês.
Arbitragem de Paris ou Acordo de Genebra?
A Guiana defende um limite estabelecido em 1899 por uma corte de arbitragem de Paris, enquanto a Venezuela reivindica o Acordo de Genebra, assinado em 1966 com o Reino Unido antes da independência guianesa, que estabelecia bases para uma solução negociada e não reconhecia o acordo anterior.
Nos últimos anos a Guiana vem despontando economicamente na região com a exploração de jazidas de petróleo. A estimativa é que a produção petroleira deste país que faz fronteira com o Norte do Brasil e com o Leste da Venezuela chegue a produzir até 750 mil barris de petróleo até o ano 2025.
Enquanto isso, a Venezuela tenta, sem sucesso, reativar seu parque industrial petroleiro, abalado pela falta de manutenção e pelas sanções impostas principalmente pelos Estados Unidos.