O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) rechaçou nesta quinta-feira (28/03) os questionamentos do Departamento de Estado norte-americano em relação ao processo eleitoral no país sul-americano, marcado para 28 de julho.
Para o CNE, as críticas do governo dos Estados Unidos não se sustentam por terem como objetivo “desprestigiar” a instituição, declarando que o posicionamento é “insolente e falso”. “A democracia venezuelana está sustentada em uma série de pilares muito avançados, entre os quais se destaque seu sistema eleitoral”, aponta o documento.
Segundo o órgão, o sistema eleitoral venezuelano mostrou, “ao longos dos anos”, padrões de “profissionalismo e segurança”.
“O povo venezuelano irá eleger seu presidente de maneira livre e soberana através de um sistema impecável e confiável. Qualquer tentativa de interferir no processo será enfrentado com determinação”, afirmou o órgão.
Isso por que, na quarta-feira (27/03), o Departamento de Estados dos EUA soltou uma nota afirmando “profunda preocupação” em relação ao sistema eleitoral da Venezuela. O documento fala de uma suposta decisão do Conselho Nacional Eleitoral venezuelano de impedir que “partidos da oposição democrática registrem sucessivos candidatos para as próximas eleições presidenciais”.
Tal trecho foi criticado pelo órgão do país sul-americano, que disse não “poder assumir e nem se responsabilizar” pelas “incapacidades pessoais de alguns indivíduos que pretendem colocar seus interesses acima da legalidade nacional”.
E ainda criticou a posição dos Estados Unidos quando as eleições norte-americanas utilizam um sistema eleitoral “obsoleto e ineficiente”, declarando que não há no país um órgão governamental que consiga “processar e divulgar resultados certos e confiáveis aceitos por todos os eleitores”.
O órgão lembrou que as eleições de 28 de julho são as 31ª em 25 anos, e que os venezuelanos devem escolher o seu próximo presidente entre 13 candidatos nomeados por 37 organizações políticas.
A nota foi divulgada após as inscrições para o pleito de julho serem encerradas, e a candidata indicada pela Plataforma Unitária Democrática (PUD), Corina Yoris, não conseguir se inscrever por não ter tido acesso à plataforma do CNE.
O próprio Ministério das Relações Exteriores do Brasil também expressou “expectativa e preocupação” em relação ao processo eleitoral na Venezuela. Uma posição que foi rejeitada pelo governo venezuelano.
“O governo venezuelano tem mantido uma conduta fiel aos princípios que regem a diplomacia e as relações amistosas com o Brasil, em nenhuma hipótese emite e nem emitirá juízos de valor sobre os processos políticos e judiciais que ocorrem naquele país, consequentemente, tem o moral exigir o mais estrito respeito pelo princípio da não ingerência nos assuntos internos e pela nossa democracia, uma das mais robustas da região”, dise o comunicado após nota do Itamaraty.
No entanto, apesar das críticas, a Venezuela elogiou o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva por sua posição contrária às sanções impostas pelos Estados Unidos sobre o país.