O Parlamento da União Europeia (UE) decidiu nesta semana
proibir o comércio de qualquer artigo feito a partir de focas nos 27 países do bloco. Válido a partir de 2010, o veto foi aprovado em votação esmagadora – 550 votos favoráveis e 49 contra. Mesmo assim, a decisão já gerou reclamações, principalmente dos países exportadores dos produtos, como o Canadá.
O governo canadense, por meio do ministro de Comércio Internacional, Stockwell Day, informou, um dia após a votação, que vai solicitar que a UE reconsidere sua decisão. Avisou também que, caso a proibição não seja revertida, recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar garantir a exportação de seus produtos.
O veto europeu à comercialização dos produtos feitos a partir de focas é resultado, principalmente, da pressão de organizações não-governamentais (ONGs) em defesa dos animais. Para as entidades, os artigos provenientes da foca, como bolsas e casacos feitos com a pele do animal, são frutos de caça desumana e cruel.
O governo do Canadá, no entanto, discorda da posição e afirma que as focas abatidas no país são mortas respeitando todos os protocolos de caça existentes.
Perda econômica
Para o Canadá, o fechamento do mercado europeu representa uma perda de 15% do valor gerado com as exportações das focas anualmente. Só em 2007, por exemplo, esse montante foi de 13 milhões de dólares canadenses (cerca de R$ 23,4 milhões).
As focas exportadas pelo Canadá são caçadas com a prévia autorização do governo, que fixa cotas para o abatimento. Em 2009, a caça de 280 mil animais foi pré-autorizada.
A produção de artigos feitos a partir das focas canadenses vai,
principalmente, para a Ásia: Coreia do Sul e Japão são os maiores importadores da carne; China, do óleo e gordura. Já 80% da pele do animal são exportados para a Noruega – país que se recusou a aderir à UE.
População ativista
Segundo o governo canadense, cerca de 6 mil habitantes da costa atlântica sobrevivem da caça do animal. Contudo, apesar de toda importância que a atividade tem para a economia do país, muitos canadenses concordam com a proibição.
“A decisão da UE foi minuciosamente pensada, e é baseada em ciência, fatos e estudos veterinários”, disse Sheryl Fink, pesquisadora da ONG Fundo Internacional para o Bem-Estar dos Animais (IFAW, na sigla em inglês), criada em 1969 para proteger as focas canadenses. “Já é tempo do Canadá encerrar esta desnecessária matança com fins comerciais”, acrescentou.
A artista plástica Rachel Weinstock, vegetariana, também aprovou a decisão. Contudo, solicita posição semelhante referente a todo tipo de caça ou abate. “Por que só banir o comércio de focas?”, questiona. “E o restante dos animais que são mortos cruelmente todos os dias? Ninguém se preocupa?”
O Canadá também é um importante produtor de bovinos e suínos. O rebanho de gado de corte do país é de cerca de 12 milhões de animais.
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