O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, foi intimado nesta sexta-feira (30/05) pela Justiça do país a depor em um caso de corrupção em que é investigado por enriquecimento ilícito e supostas negociações incompatíveis com sua função pública.
Boudou deverá comparecer perante um tribunal liderado pelo juiz federal Ariel Lijo no dia 15 de julho. Junto a outros envolvidos, o réu deve justificar a suposta participação em uma compra irregular de uma companhia chamada Ciccone Calcográfica, que imprime papel-moeda para o Estado.
Boudou precisará esclarecer se usou sua influência política para ajudar a empresa de impressão a sair da falência em 2010, quando era ministro da Economia, e se a comprou por meio de um fundo de investimento chamado The Old Fund.
Efe
Amado Boudou: nunca antes um vice-presidente em exercício havia sido intimado a declarar por delitos de corrupção
A investigação também questiona o fato de que o governo argentino expropriou a Ciccone em 2012, rebatizando-a de Companhia de Valores Sul-Americana, por “considerar de utilidade pública a confecção de cédulas”, segundo a Reuters. A oposição considera que a nacionalização da empresa tenha sido uma saída do governo para apagar as “provas do crime” e pediu a renúncia de Boudou.
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No entanto, o vice-presidente declarou hoje que não renunciará “de maneira alguma”, nem tirará uma licença de seu cargo no governo, pois é “inocente”. Em entrevista a uma rádio local citada pela Efe, o político acrescentou que “certamente” vai se apresentar para depor ao juiz e que recebeu a notícia “com muita tranquilidade” porque esperava o momento para “poder demonstrar” sua inocência. “Juro e sustento e vou provar isso quando for à audiência”, ressaltou Bodou, acrescentando que se trata de um escândalo orquestrado por mídias representadas por Clarín e La Nación.
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Já o chefe de gabinete do Executivo de Cristina Kirchner, Jorge Capitanich, anunciou hoje que “o vice-presidente da nação sempre manifestou sua vontade de cumprir todas as instâncias judiciais diante de qualquer eventual convocação de um juiz da República, portanto, está à disposição da Justiça como sempre”.
Em fevereiro passado, Boudou já havia se apresentado para depor de modo voluntário diante de um tribunal sobre o “caso Ciccone”. ” Vim me colocar inteiramente à disposição. Sou o principal interessado nesta causa”, disse o político na ocasião. Contudo, esta é a primeira vez que um vice-presidente em exercício é efetivamente intimado pela Justiça a depor como réu no país.