A noite desta quarta-feira (08/03) em Buenos Aires foi marcada pela concentração de cerca de quatro mil pessoas nas proximidades do Palácio dos Tribunais, em uma vigília em favor da vice-presidente Cristina Kirchner.
O ato foi encabeçado por diferentes coletivos ligados ao peronismo, em especial o movimento La Cámpora, e aconteceu horas depois da publicação do texto com os argumentos da sentença proferida pelo Tribunal Federal Nº 2 sobre o chamado Caso Vialidad (“pavimentação”), que condenou Kirchner a uma pena de seis anos de prisão e a proibição de exercer qualquer cargo público pelo resto da vida.
A vigília teve início por volta das 21h [hora local] e se estendeu até pouco depois da 0h, já entrando na madrugada de quinta-feira (09/03).
As organizações envolvidas no ato traziam cartazes criticando a decisão da Justiça argentina e acusando os magistrados de promover uma campanha de lawfare com Kirchner.
Proscripción al carajo.
Cristina 2023 ♥️✌? pic.twitter.com/otujCjhGNM
— La Cámpora CABA (@LaCampora_CABA) March 9, 2023
A vice-presidente Cristina Kirchner também é senadora e presidente do Senado, além de ex-presidente [governo a Argentina entre 2007 e 2015]. Um currículo que a tornam uma possível candidata à presidência nas próximas eleições, que ocorrerão este ano, nos meses de outubro e novembro.
A assessoria de imprensa da vice-presidente divulgou mensagens nas redes sociais anunciando que ela pretende fazer um pronunciamento sobre o caso nesta sexta-feira (10/03).
Twitter / La Cámpora
Coletivos peronistas acusam Judiciário argentino de promover lawfare contra Cristina Kirchner
Entenda o Caso Vialidad
A sentença do Caso Vialidad estabelece que Kirchner teria cometido crime de corrupção, lavagem de dinheiro e abuso de poder quando era presidente, por haver supostamente favorecido empreiteiras de empresários ligados a ela em licitações para obras de pavimentação de estradas e trechos de acesso a cidades na província de Santa Cruz, no extremo Sul do país, realizadas quando ela era presidente.
Entre os argumentos publicados nesta quarta, se afirma que a suposta prova contra Cristina seria o fato de que grande parte das obras foram entregues a empreiteira Austral Construcciones, do empresário Lázaro Báez, e que este, por sua vez, seria ligado à família Kirchner.
No entanto, a defesa da vice-presidente alega que em nenhum trecho do texto da sentença se estabelece uma relação direta entre Kirchner e Báez.
Os advogados kirchneristas também asseguram que eles sim apresentaram documentos que comprovariam a lisura dos contratos assinado pela sua cliente, mas reclamam que os magistrados do Tribunal Federal decidiram desestimar essas provas sem justificativa.
O governo de Alberto Fernández também se pronunciou sobre o caso, através do ministro da Justiça, Martín Soria, que questionou o texto da Tribunal Federal, em uma entrevista para o diário argentino Página/12.
“Essa é uma sentença claramente política, com o objetivo de cercear os direitos políticos de Cristina Kirchner. O texto é vergonhoso e insustentável, não apresenta nenhuma prova concreta e nenhum fato”, analisou o ministro.