“O que chamam de golpe de Estado militar não foi programado nem planejado. Aconteceu porque Manuel Zelaya se colocou contra todos os setores sociais deste país”.
Adolfo J. Facussé, o presidente da Associação Nacional de Industriais de Honduras e vice-presidente da Associação Latinoamericana de Industriais, fala calmamente de seu amigo, o presidente deposto Manuel Zelaya, no enorme jardim de sua casa em Tegucigalpa.
“Zelaya é um homem muito capaz, mas não entendeu algo importante do povo de Honduras. Aqui a gente é muito conservadora e tem medo de Chávez e suas políticas na América Latina. Este país não necessita de gente como Chávez. Mudanças são importantes, mas em um marco mais democrático. Precisaríamos de gente como Lula, ou como Maurício Funes [presidente de El Salvador]”.
Facussé é um homem importante em Honduras, parente do ex-presidente Carlos Roberto Flores Facussé. Define-se social-democrata e orgulhosamente, para demonstrar não ser um homem da direita, afirma ser primo de Schafik Handal, ex-líder da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional, grupo guerrilheiro de El Salvador.
Os empresários em Honduras, diz ele, não apoiam mais as decisões políticas de “Mel”, como Zelaya é conhecido. Um golpe duro para eles foi a decisão de aumentar o salário mínimo em 60%. “Para a indústria e as empresas, era impossível pagar este aumento aos trabalhadores. Depois desta decisão, 170 mil pessoas perderam o emprego”.
Os grandes poderes de Honduras, a igreja católica, os militares, os meios de comunicação e os empresários estão de acordo em fazer passar o tempo, até que cheguem as eleições de novembro. Roberto Micheletti, o líder do governo golpista, não é o homem ideal, mas por temer que com Zelaya o chavismo domine o país, preferem estar ilhados politicamente e economicamente. E continuar esperando.
“O tempo está contra Mel. Cada dia que passa sem que regresse, ele se distancia dos poucos que ainda o apoiam”, conclui Facussé.
* Texto e foto.
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