Quarta-feira, 14 de maio de 2025
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Um estilhaço de uma bomba de efeito moral disparada ontem (31/08) pela Polícia Militar de São Paulo, durante forte repressão contra um ato que pedia a saída do presidente Michel Temer, atingiu o olho esquerdo de uma manifestante, que perdeu a visão. A estudante universitária Deborah Fabri passou a noite no hospital e já retornou para a casa.

“Oi pessoal estou saindo do hospital agora. Sofri uma lesão e perdi a visão do olho esquerdo, mas estou bem”, publicou em seu perfil no Facebook. A jovem participa do Levante Popular da Juventude.

Segundo o movimento, Deborah estava no cruzamento das ruas Caio Prado e Consolação, na região central da cidade, quando policiais militares lançaram duas bombas de efeito moral em sua direção – uma caiu um pouco à frente e outra atrás da jovem. Um estilhaço atingiu seus óculos e quebrou a lente, que perfurou seu globo ocular. Ela foi socorrida por pessoas próximas do local e levada para o Hospital das Clínicas.

Roberto Seracinskis / Jornalistas Livres

Manifestantes amparam Deborah após seu olho ser atingido por estilhaços de bomba de efeito moral da PM

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“Estamos vendo judicialmente como vamos intervir. Queremos um processo contra o Estado de São Paulo e a Polícia Militar, que são os responsáveis por esse dano causado a nossa companheira”, disse uma das integrantes do movimento, Bárbara Ponte. “Ontem o estilhaço atingiu uma companheira nossa, mas poderia ter sido qualquer manifestante. Nossa resposta será com luta.”

Estilhaço de uma bomba de efeito moral disparada pela Polícia Militar atingiu óculos da estudante e quebrou a lente, que perfurou seu globo ocular; repressão policial contra manifestantes em São Paulo deixou pelo menos 7 feridos

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Em nota divulgada na noite de ontem, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) alegou que a repressão começou depois que um grupo de manifestantes incendiou montes de lixo e lançou pedras contra os policiais. Segundo o comunicado, um policial foi ferido e levado para receber atendimento médico. A SSP disse à Agência Brasil que não tem informações sobre a jovem atingida no olho.

Os manifestantes começaram a se concentrar na Avenida Paulista, no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo) no início da noite. A passeata seguiu pela Rua da Consolação até que, na altura do cruzamento com a Rua Maria Antonia, a Polícia Militar começou a disparar bombas de gás contra os participantes do ato. A repressão continuou durante a noite, contra manifestantes que se espalharam pelo centro da cidade.

Os fotógrafos Willian Oliveira e Vinicius Gomes foram detidos pela polícia. Vinícius Gomes afirmou que seu equipamento de trabalho foi destruído durante a abordagem policial. Ambos permaneceram detidos até por volta das 5h de hoje. A SSP não informou o motivo das prisões nem se pronunciou sobre o caso.

 

Publicado originalmente no site da Rede Brasil Atual

Atualização às 18:46

A SSP afirmou em nota divulgada no começo da noite de quinta-feira (01/09) que uma viatura da Polícia Civil e agências bancárias foram danificadas por manifestantes e que a PM “precisou intervir para dispersar manifestantes que seguiam pela região central”. Dois policiais militares ficaram feridos e três pessoas foram levadas ao 78º DP, dentre elas dois fotógrafos, diz o comunicado, que estariam atirando pedras contra a tropa, segundo os policiais que os conduziram. Um dos fotógrafos denunciou que foi agredido, foi solicitado o exame de corpo de delito e eles foram liberados em seguida, diz a SSP, que também afirma que a PM apurará as circunstâncias da ocorrência e que será instaurado inquérito para investigar danos aos patrimônios público e privado.

Sobre o caso de Deborah Fabri, que perdeu a visão do olho esquerdo após ser atingida por estilhaços de bomba de efeito moral lançada pela PM, a SSP diz que entrou em contato com a Universidade do ABC, onde ela estuda, “para que sejam oferecidos os meios necessários para a localização dela e para que a Polícia Civil possa registrar o fato em que ela alega ter se envolvido e dar início às devidas investigações, uma vez que ela não registrou o boletim de ocorrência”.