Foto por Daquella manera
Houve um tempo, não muito distante, em que o automóvel era um dos símbolos de status mais importantes da sociedade ocidental. Mas esta sociedade mudou (aquelas coisas de sempre: queda do Muro de Berlim, globalização, internet, etc) e mudaram os seus hábitos de consumo – e também sua necessidade de determinados bens de consumo. Os últimos estratos geracionais têm nomes e características bem definidas: os Baby Boomers, nascidos entre 1945 e 1965, e os “Millenials” ou Geração Y, nascidos nas décadas de 1970-80. Os primeiros fizeram prosperar o mercado automobilístico, e seus filhos estão levando o mesmo mercado a uma forte decadência devido a sua indiferença. Os “Y” vivem nas cidades, não tem intenção de voltar para o campo e para o interior e, segundo a revista italiana Studio, tem outra significativa alcunha: “Geração Walk”, ou “Na sola e no pedal”, na tradução da Samuel.
A frustração do mercado automobilístico com a geração Y está na fala de Jim Lentz, presidente da Toyota nos EUA: “Temos que encarar a realidade: os jovens, hoje, não estão tão interessados nos carros quanto as gerações precedentes. Muitos preferem comprar o último modelo de smartphone a tirar carteira de motorista.” As razões para o declínio são muitas: econômica, claro (estes jovens de hoje: não se casam, não compram casa, não fazem filhos e ainda desaceleram a economia); geográfica – esta é a geração que mais viaja, não somente nas férias mas também por longos períodos, para estudar ou trabalhar. Há também a questão residencial, com a urbanização constante e a veloz e contínua gentrificação do espaço urbano em várias capitais do mundo ocidental. E também a motivação social: a liberdade prometida por um carro próprio não faz mais sentido, e com menos núcleos familiares e menos filhos, o conforto que um carro oferece também não.
Os símbolos de status passam a ser as bicicletas e o transporte coletivo, também pela tendência sustentável das cidades, que não é mais prerrogativa de um segmento político isolado. Os trens na Europa e as políticas municipais que privilegiam as bicicletas (movimento que começa a andar também no Brasil) são o novo emblema desta geração. Ainda na Europa, a tendência é o compartilhamento e o aluguel de carros; na Itália, o trecho mais procurado para as “vagas compartilhadas” – a boa e velha carona – é a rota Milão-Roma. E Londres é a sede do fenômeno WhipCar, a rede social para aluguel de carros, que funciona como o Couch Surfing, o site para viajantes duros que se aventuram no sofá alheio: é possível alugar um carro ou disponibilizar o seu próprio veículo aos outros usuários. Segundo os fundadores, já há pedidos para o estabelecimento do WhipCar em 25 países. E a idade média dos usuários do site, veja só, é de 32 anos.
Leia o artigo completo, em italiano, no site da revista Studio.
Assine a revista Samuel. Apoie a imprensa independente.
NULL
NULL