Em apoio a Olso, cidadãos de San Diego organizaram um “gizasso” pedindo respeito à liberdade de discurso
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Não é só no Brasil que apetrechos do dia a dia adquirem status de “objetos de alta periculosidade” quando se tornam ferramentas na mão de manifestantes. Durante os protestos em São Paulo, o vinagre passou a integrar a lista dos “objetos que podem ser usados contra policiais e contra a população”. Nos Estados Unidos, o problema parece ser outro: o giz (desses que os professores usam na lousa do colégio).
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Na cidade californiana de San Diego, Jeff Olso, um norte-americano de 40 anos, está sendo acusado de vandalismo por escrever mensagens de protesto nas fachadas de grandes bancos usando giz. Recados como “Shame on B of A” (“vergonha do Bank of America) e “No thanks, big banks” (“não obrigado, grandes bancos”) — e até mesmo um polvo gigante tentando agarrar notas de dólares — coloriram as calçadas em frente às instituições. E tudo isso à base de giz solúvel em água. Ou seja, nada que um pouco de chuva ou uma pequena esfregada não pudessem resolver.
[Na foto ao lado, Jeff Olso cobre a sua boca com fita adesiva protestando simbolicamente contra a medida (“gag order”) expedida pela Justiça]
Até a última segunda-feira (1º/7), Olso podia enfrentar uma pena de até 13 anos de prisão e mais de US$ 13 mil em multas pelos “delitos”. No entanto, o júri formado na semana passada para decidir o caso decidiu absolver o cidadão. Mas não sem antes causar agitação na cidade.
O prefeito de San Diego, Bob Filner, criticou fortemente a promotoria por sua atuação no caso. “É uma ação estúpida. Está nos custando dinheiro”, disse.
A polêmica não ficou somente na troca de farpas entre as autoridades. Ao abrir os trabalhos no tribunal, o juiz responsável por presidir o júri expediu uma “medida de mordaça” que proibia Olsen de falar sobre o caso em público e para a imprensa enquanto a ação não fosse finalizada. O juiz também proibiu o advogado de defesa de sequer mencionar a “Primeira Emenda” — dispositivo da Constituição que assegura aos cidadãos a liberdade de discurso.
[Protesto organizado pelo Facebook levou dezenas para o “gizasso”: “não é justo que crianças possam fazer, mas os adultos não”, diz o cartaz do menino]
Inspirado no movimento Occupy Wall Street, Jeff Olso defendia que sua acusação era política: um atentado contra o princípio da liberdade de discurso, e não um simples caso de “vandalismo” contra o patrimônio privado.
“Eu estava encorajando as pessoas a fechar suas contas nos grandes bancos de Wall Street e transferir seu dinheiro a comunidades de crédito locais, sem fins lucrativos”, disse.
Chalk-U-PY: o “gizasso”
Para apoiar a causa do réu, centenas de pessoas organizaram um protesto em frente ao Palácio de Justiça de San Diego. O objetivo era fazer uma espécie de “gizasso” e encher a fachada do prédio público com mensagens coloridas pró-liberdade de expressão.
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