Nos EUA, Blackberry tem1,6% do mercado; na Nigéria, 67% de todas as buscas online são geradas pelo aparelho
“Você sabia quantas vezes já me envergonhou por ter se recusado a me dar um BlackBerry? Se você não comprar um, não vejo como o nosso relacionamento possa continuar”, diz Keisha, aos berros com seu futuro ex-namorado. A cena é de BlackBerry Babes, uma espécie de Sex And The City nigeriano, no qual os caríssimos sapatos de Carrie dão lugar aos desejados smartphones da fabricante RIM, preferência nacional em meio a um mundo no qual parece não haver mais lugar para os BlackBerry.
O gadget que um dia já foi sinônimo de status nos Estados Unidos — e o preferido do presidente Barack Obama — hoje detém apenas 1,6% do mercado norte-americano. Do outro lado do Atlântico, a alternativa para o declínio do BlackBerry parece ser o continente africano, mercado em que a fabricante canadense é líder na venda de smartphones.
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As aspirações das personagens da trama, um tanto absurda, de Nollywood podem ser melhor compreendidas tendo em mente o quadro geral da Nigéria. Embora 85% da população do país ainda viva com menos de US$ 2 por dia, os smartphones estão ficando cada vez mais populares — dois terços das buscas online geradas na Nigéria são feitas a partir de aparelhos desse tipo.
De tão caros, os computadores se tornam inacessíveis, fazendo dos smartphones “a ferramenta primária de acesso à internet”, como observa Seye Taylor, analista e fundador de uma agência de marketing em Lagos. Em entrevista ao site The Walrus, ele explica que muito do movimento das mídias sociais na Nigéria é dirigido pelos aparelhos BlackBerry. “E muito disso é expressão de participação no debate político. O movimento OccupyNigeria deve tanto ao BlackBerry quanto deve ao Twitter e ao Facebook”, diz Taylor.
O reinado do BlackBerry na Nigéria dificilmente será suficiente para salvar a empresa do declínio e da intensa concorrência do nicho. O analista Seyi Taylor fazia parte de um grupo de 12 pessoas no BBM — aplicativo de mensagens instantâneas exclusivo para aparelhos BlackBerry. Neste ano, já mudaram para o WhatsApp, que funciona com quase todos os smartphones. “Oito de nós têm iPhones agora. Dois usam Android”.
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