Após o terremoto que matou mais de 1.000 pessoas no sudeste do Afeganistão na madrugada de quarta-feira (22/06), os sobreviventes tentam se organizar, apesar da desolação. Enquanto a ajuda humanitária chega aos poucos, a ONU teme que uma epidemia de cólera irrompa na área.
Os que sobreviveram estão vivendo em barracas do lado de fora de suas casas danificadas ou destruídas. Os tremores secundários continuam abalando a região, como os da manhã desta segunda-feira (27/06), no distrito de Gayan, na província de Paktika, o mais afetado.
Khunabas Khan perdeu treze membros de sua família no terremoto na vila de Bariam Kheil. A família numerosa morava em uma grande construção de barro, que se transformou em uma pilha de ruínas. O jovem passa por cima dos destroços que cobrem o chão, aponta para os vestígios do que eram quartos. Entre os escombros estão uma sandália de criança e uma cabeceira de ferro.
“Três pessoas estavam dormindo aqui. Estão todas mortas. E naquele quarto, meu tio dormia com seus quatro filhos. Ele sobreviveu, mas todos os seus filhos morreram”, conta Khan.
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Já foram notificados meio milhão de casos de diarreia aguda, números que levantam temores do início de uma possível epidemia de cólera
Cheiro de morte no ar
A família possuía cerca de 80 cabeças de gado: apenas uma vaca sobreviveu. “O cheiro que paira no ar é o de todos os animais que tínhamos, só que agora sob os escombros”, relata.
O cheiro é pestilento. Os sobreviventes vivem a poucos metros de distância, ao ar livre, de forma improvisada.
Em uma aldeia vizinha, o médico Mohammad Azam Amiri faz sua ronda, preocupado com as condições sanitárias deploráveis: “As condições higiênicas são horríveis e a água está contaminada. Visitamos as casas onde foram relatados casos de diarreia. A história é verificada para descobrir se é simples diarreia ou cólera.”
Já foram notificados meio milhão de casos de diarreia aguda, números que levantam temores do início de uma possível epidemia de cólera na região.