Os dados do último relatório oficial apontam 1.770 mortos e mais de 70,5 mil pessoas infectadas pelo coronavírus Covid-19, principalmente na província de Hubei, epicentro da epidemia, onde ocorreram 96% das mortes. Com isso, na região são aplicadas restrições cada vez mais drásticas.
Em Hubei, à medida que o balanço aumenta, as medidas continuam a se fortalecer. Dezenas de milhões de cidadãos foram forçados a permanecer solitários há quase um mês, inclusive na cidade de Wuhan, o berço da epidemia. Apenas veículos policiais e ambulâncias podem circular nas estradas da província, além daqueles que transportam mercadorias consideradas essenciais, de acordo com o correspondente da RFI na China, Zhifan Liu.
Ao mesmo tempo, 200 mil comunidades rurais reforçarão suas condições de isolamento e 24 milhões de pessoas afetadas por essas medidas não poderão mais deixar suas casas, a menos que seja absolutamente necessário. Eles também devem ficar a mais de 1,5 m de outras pessoas nas ruas. Outra consequência da epidemia do coronavírus Covid-19, o Parlamento chinês planeja adiar sua sessão plenária, que deveria começar em 5 de março. Todos os anos, 3 mil delegados se reúnem por dez dias para votar novas leis e estabelecer metas econômicas anuais.
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Recompensa financeira e sentença de prisão
Para impor essas medidas draconianas, as autoridades usam métodos rigorosos. Na cidade de Xiaogan, são proibidas atividades públicas, como o mahjong (jogo de tabuleiro tradicional chinês) e jogos de cartas, comuns entre os chineses, sob pena de prisão de até dez dias.
Em Huanggang, uma cidade na fronteira com Wuhan, pede-se aos moradores que relatem se têm sintomas do coronavírus. Como recompensa, 500 yuan, ou cerca de 60 euros, e a promessa de tratamento imediato. Todas as táticas são bem-vindas para conter uma epidemia que já fez quase 1,7 mil vítimas apenas na província de Hubei.
Por outro lado, o número de novos casos registrados diariamente na China continua a diminuir pelo terceiro dia consecutivo. Mas fora do país, o número de infecções continua a subir, como em Cingapura ou mesmo na Tailândia.
Wikicommons
200 mil comunidades rurais reforçarão suas condições de isolamento
Primeiro morto em Taiwan
O arquipélago autônomo de Taiwan, localizado na costa chinesa, registrou neste domingo (16/02) a primeira morte ligada ao coronavírus, a quinta registrada fora da China, de acordo com o correspondente da RFI em Taiwan, Adrien Simorre.
Foi com expressão séria e tom solene que o Ministro da Saúde de Taiwan anunciou a morte do homem de 60 anos que estava infectado com o coronavírus. A vítima era um motorista de táxi que sofria de hepatite B e diabetes. Internado no hospital há 15 dias por dificuldades respiratórias, ele finalmente sucumbiu às sérias complicações neste fim de semana.
Esta quinta morte registrada fora da China instiga, uma vez que a vítima não havia viajado para fora de Taiwan e não teve contato com ninguém infectado pelo vírus. No entanto, o taxista trabalhava regularmente para clientes da China, Hong Kong e Macau. As autoridades de Taiwan deram início a uma investigação para traçar a rotina do homem antes de sua hospitalização.
Até agora, a maioria dos 20 casos identificados em Taiwan não foi infectada em solo taiwanês. O governo, no entanto, teme o aparecimento de uma fonte de contaminação em Taiwan. Aumentando as preocupações em torno do caso fatal registrado neste fim de semana, uma pessoa muito próxima à vítima também apresentou teste positivo em relação à presença do vírus.
Outro caso lança dúvidas sobre as informações da epidemia conhecidas até agora e pode exigir mudanças nos procedimentos de segurança. Uma mulher de 83 anos, na Malásia, apresentou resultado positivo em seu teste de presença do vírus mesmo após o período de quarentena de duas semanas.
A idosa era um dos passageiros do navio MS Westerdam que desembarcaram no Camboja, na última quinta-feira (13/02), depois de a embarcação ter sido recusada em diversos portos da região. A empresa proprietária do navio está atuando em parceria com autoridades de diversos países para localizar e contatar esses passageiros.
Diamond Princess
No Japão, organizadores decidiram cancelar a participação de 38 mil corredores amadores na maratona de Tokyo, prevista para acontecer em 1° de março. Apenas os atletas de elite, cerca de 200 ao todo, correrão a prova. A cerimônia pública de aniversário do imperador Naruhito também foi cancelada.
No porto de Yokohama, perto de Tóquio, o navio Diamond Princess, continua sendo a principal fonte de contaminação fora da China. Cerca de 400 casos da doença foram diagnosticados entre os passageiros.
Nesta segunda-feira (17/02), os Estados Unidos resgataram cerca de 300 norte-americanos que estavam a bordo do navio. Os repatriados serão submetidos à quarentena de 14 dias, a suposta duração máxima da incubação do vírus