Milão, a capital financeira da Itália acordou isolada do resto do país nesta segunda-feira (09/03). Após o novo decreto do governo que na madrugada de domingo (08/03) restringiu ainda mais a mobilidade e a socialização no norte italiano, a população está se adaptando às novas exigências. Mas não é só o norte que está sofrendo as consequências; todo o país está afetado.
Cerca de 16 milhões de italianos não devem sair ou entrar de cidades em quatro regiões do norte do país, num total de 14 províncias e uma inteira região, a Lombardia, a mais afetada pelas novas medidas, onde a epidemia teve início na Itália há duas semanas.
Somente deslocamentos urgentes e de trabalho comprovado podem ser realizados nessas áreas. O ministério do Interior determinou a fiscalização em estradas, portos, aeroportos e estações de trem e ônibus.
QUEREMOS CONHECER VOCÊ MELHOR, LEITOR E ESPECTADOR DE OPERA MUNDI. CLIQUE AQUI
“Estamos enfrentando uma emergência nacional. Desde o início adotamos uma linha de transparência e verdade e agora estamos nos movendo com lucidez e coragem, com firmeza e determinação”, declarou o premiê Giuseppe Conte na madrugada de domingo. “Temos que limitar a disseminação do vírus e prevenir a superlotação dos hospitais”, acrescentou Conte.
Outra preocupação para o governo são as penitenciárias. Em Modena, os detentos iniciaram uma rebelião neste domingo que deixou três mortos. Eles exigem novas medidas de segurança para evitar o contágio nas prisões onde as visitas íntimas estão suspensas.
Voos e trens anulados
Alitalia, principal companhia aérea do país, anunciou cortes nos voos a partir de Milão. Pelo menos até 3 de abril a situação não deve se normalizar. Essa é a data limite imposta pelo governo para reduzir as infecções nas chamadas “zonas vermelhas”.
Portanto, os voos de e para Milão, com partida seja do aeroporto Malpensa assim como Linate, para rotas domésticas e internacionais, sofrerão reduções drásticas. Os voos internacionais da companhia estão concentrados no aeroporto Leonardo Da Vinci de Roma-Fiumicino.
Official Photo by Mori / Office of the President
Fábrica de máscaras em Taiwan, na China
Os trens das companhias Trenitalia e Italo também tiveram viagens reduzidas ou canceladas e toda a rede ferroviária registra atrasos, sobretudo nas linhas noturnas e de alta velocidade que partem do norte em direção ao sul da Itália. As regiões meridionais apelam para aqueles que chegam das zonas de risco permaneçam em auto-isolamento por ao menos 14 dias.
Novas regras para todo o país
As medidas mais duras são para o norte, porém o novo decreto também estabelece novas regras para todo o país. Desde domingo em toda Itália estão fechados museus, parques arqueológicos e demais lugares de cultura, públicos ou privados, salas de cinema inclusive.
A medida soma-se ao fechamento de creches, escolas e universidades em todo o país em vigor até 15 de março – com uma possível prorrogação. O Coliseu, o monumento mais visitado da Itália, está fechado, assim como as ruínas de Pompéia, na região de Nápoles.
Bares e restaurantes podem abrir das 6h às 18h e nos locais abertos ao público deve-se respeitar a distância mínima de 1 metro. Cancelados também funerais e cerimônias religiosas.
O Vaticano, que teve o primeiro caso confirmado de contágio por coronavírus neste domingo (8), aderiu às recomendações do governo italiano. Portanto, os Museus Vaticanos permanecerão fechados ao público até 3 de abril e as audiências e missas do papa serão transmitidas pela internet durante este período.
O número de infectados segue crescendo
Os resultados das medidas extremas do governo devem começar a ser sentidos somente nos próximos dias com uma queda no número de infectados. Esta é a esperança dos especialistas do Instituto Superior de Saúde, do governo e de todos os italianos.
De acordo com o último boletim da Proteção Civil neste domingo, o número de mortos foi de 133, num total de 366. Os novos casos positivos ao coronavírus chegaram a 1.326, elevando o total para 7.375. Já o número de pessoas curadas foi de 33, totalizando 622 casos. Aproximadamente 73% dos óbitos foram registrados na região da Lombardia, cuja capital é Milão.
O apelo das autoridades é para que quem puder, não saia de casa, sobretudo os mais idosos, as principais vítimas fatais do coronavírus. Artistas e personalidades italianas já deram início a uma campanha nas mídias sociais dizendo “Io resto a casa”, ou seja, “Eu fico em casa”.