Em meio à crise do coronavírus, o governo francês decidiu tabelar os preços do álcool gel usado para desinfetar as mãos. A medida foi tomada nesta quarta-feira (04/03), por meio de um decreto do ministro da Economia, Bruno Le Maire, depois de denúncias de prática de preços abusivos sobre o produto e também em relação às máscaras de proteção.
Na Amazon, por exemplo, a marca de álcool gel mais comercializada apresentou um aumento de preço de cerca de 700% para a embalagem de 100 mililitros. O produto, que custava 3,10 euros (R$ 15,61) em 8 de fevereiro, era vendido por 25,27 euros (R$ 127,21) nesta terça-feira (03/03).
O presidente francês Emmanuel Macron já tinha anunciado, nesta terça-feira, a requisição de todo o estoque de máscaras de proteção para garantir a distribuição aos profissionais de saúde e aos franceses infectados pelo Covid-19. Devido ao medo da doença, produtos como o álcool gel e as máscaras começam a apresentar problemas de abastecimento em farmácias e centros de saúde na França.
“Hoje lançaremos o decreto que regulamenta os preços do álcool gel. Há casos isolados em que preços inaceitáveis foram cobrados”, afirmou o ministro da Economia. “Há falta de disponibilidade do produto”, admitiu, acrescentando que, “quando possível, lavar as mãos com sabão é igualmente eficaz”.
Investigação sobre aumento abusivo de preços
O ministro anunciou nesta terça-feira o lançamento de uma investigação da Direção Geral de Fraude sobre os aumentos acentuados nos preços de venda de álcool gel e máscaras protetoras, observados desde o surgimento da epidemia de coronavírus na França. Le Maire já havia especificado que estava pronto para emitir um decreto de regulamentação de preços em caso de irregularidades.
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Emmanuel Macron se reuniu com autoridades do governo francês para discutir medidas preventivas contra o coronavírus
O Covid-19 matou quatro dos 212 casos confirmados na França e cerca de 3,2 mil morreram em 92 mil casos em todo o mundo. As autoridades francesas estão se preparando para uma maior intensificação da epidemia. Treze novos casos foram confirmados na terça-feira, elevando o número total de pessoas infectadas, que dobrou em três dias. Com a marca de 200 casos alcançada, a França se tornou um dos principais focos do novo vírus na Europa, junto com a Itália e a Alemanha. “Treze regiões da França são afetadas, mas a situação permanece sob controle”, assegura Jérôme Salomon, diretor geral de Saúde.
O país entrou “em uma fase que durará semanas e provavelmente meses para combater o coronavírus”, disse o presidente francês, nesta terça-feira. “Todos devemos estar cientes de que seremos mobilizados ao longo do tempo, e estamos prontos”, acrescentou o chefe de Estado, durante uma visita ao centro operacional do Ministério da Saúde, que coordena a gestão de crise de coronavírus.
Reservas de 160 milhões de máscaras
Emmanuel Macron havia informado anteriormente pelo Twitter que o Estado francês requisitaria “todos os estoques e a produção de máscaras de proteção”. A França possui reservas significativas de máscaras de proteção: 160 milhões, em que 10% foram disponibilizadas. “De 15 a 20 milhões de unidades serão demandadas de acordo com a evolução da situação”, explicou Olivier Véran, ministra da Saúde.
Nous réquisitionnons tous les stocks et la production de masques de protection. Nous les distribuerons aux professionnels de santé et aux Français atteints par le Coronavirus.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) March 3, 2020
As necessidades, no entanto, são enormes. Essas máscaras só podem ser usadas por três horas antes de perderem sua eficácia. Contatadas por telefone, as empresas especializadas na fabricação das máscaras FFP2 e FFP3 se dizem surpresas por não terem sido avisadas com antecedência, e se perguntam se devem cancelar pedidos de clientes no exterior. Cabe agora ao primeiro-ministro Édouard Philippe definir os termos desta requisição para torná-la efetiva, com medidas de compensação para não prejudicar os industriais.