Cerca de 30 mil pessoas são esperadas neste sábado (23/09) em várias cidades francesas para manifestações contra o “racismo sistêmico” e a “violência policial”. Um vasto esquema de segurança vai enquadrar a mobilização organizada pela esquerda e outras organizações, como sindicatos.
Segundo uma nota de inteligência consultada pela AFP, são esperados de 24 mil a 30 mil participantes, em 116 manifestações em todo o território francês. Em Toulouse, 600 pessoas, segundo a prefeitura, participaram do protesto pela manhã, com cartazes com frases como “Contra o racismo sistêmico” ou “A polícia mutila, a polícia mata”.
Em Paris, de 3 mil a 6 mil pessoas são esperadas esta tarde, incluindo “200 a 400 de risco”, segundo uma fonte policial. Mais de 1 mil policiais deverão garantir a segurança da passeata, anunciou o secretário de segurança da capital, Laurent Nuñez, na manhã de sábado à emissora FranceInfo.
Políticos e militantes do partido França Insubmissa (LFI, na sigla em francês) participarão da mobilização “contra o racismo, a violência policial e pelas liberdades públicas”. A manifestação também conta com o apoio de 150 personalidades do cinema, incluindo a diretora premiada com a Palma de Ouro 2023, Justine Triet, e os atores Reda Kateb e Benoît Magimel.
‘Justiça por Nahel’
Em Amiens, o deputado da LFI François Ruffin convocou a militância a se mobilizar por “Nahel e Hedi” – o primeiro, um adolescente de 17 anos, foi morto pela polícia durante uma blitz na cidade de Nanterre, em junho, em um episódio que desencadeou uma onda de protestos violentos por todo o país. Já Hedi, de 22 anos, foi gravemente ferido por um disparo de bala de borracha em Marselha, à margem destes tumultos.
Twitter/La France Insoumise – Rennes
Políticos e militantes do partido França Insubmissa (LFI, na sigla em francês) participarão da mobilização
Na época, quatro investigações foram abertas para apurar o excesso de violência por parte da polícia ao controlar os protestos. Antes da partida da marcha em Paris, a multidão reunida no Boulevard Magenta gritava “Polícia em todo o lado, justiça em lado nenhum”, “Sem justiça, não tem paz” e “Justiça para Nahel”.
No seu relatório anual publicado quinta-feira (21/09), a Corregedoria-Geral da Polícia Nacional (IGPN) indicou que o número de investigações realizadas sobre o uso da força por agentes policiais na via pública aumentou significativamente em 2022.
Governo rechaça críticas à polícia
“Usar os termos 'violência policial' e racismo traz descrédito para toda a profissão”, criticou a ministra da Solidariedade e da Família, Aurore Bergé, em entrevista neste sábado ao site FranceInfo.
O ministro do Interior, Gérald Darmanin, enviou na sexta-feira uma carta de apoio à polícia e uma segunda correspondência aos órgãos municipais de Segurança, pedindo “especial vigilância em relação a estas reuniões”. Darmanin orientou os agentes a ficarem atentos a mensagens “que contenham slogans insultuosos e ultrajantes contra as instituições da República e a polícia que sejam suscetíveis de se enquadrarem no âmbito da lei”.
Os riscos de perturbação da ordem pública são mencionados em cerca de quinze cidades, incluindo Rennes e Lille.
Os serviços de inteligência também mencionam riscos de agitação em Nice, onde uma manifestação antidrogas é organizada pela ultradireita perto do protesto contra a polícia.