Atualizada em 22.nov, às 12h37
No ano em que a Alemanha celebra o 27º aniversário de sua reunificação, a construção de um muro de isolamento acústico de quatro metros de altura e cem de comprimento em frente a um local que está sendo transformado em um albergue para refugiados em Munique divide os moradores e a opinião pública. A barreira é mais alta que o Muro de Berlim, que dividiu o país por quase quatro décadas.
A construção da cerca, alvo de debates calorosos na imprensa e nas redes sociais, é resultado de uma disputa judicial entre a Prefeitura de Munique e seis moradores de Neuperlach, um bairro de 55 mil habitantes que fica na região sudeste da cidade.
Pouco depois do anúncio da localização do futuro albergue em 2014, os moradores apresentaram um requerimento contra a concessão da permissão de construção por poluição acústica
O albergue, que receberá 160 menores não acompanhados na próxima primavera, foi um dos primeiros a serem projetados em Munique, mas será um dos últimos a ficar pronto por causa da oposição dos moradores, relata o jornal Süddeutsche Zeitung.
Um vídeo divulgado na página do bairro, administrada pelo político local independente Guido Bucholtz, mostra o muro praticamente concluído. Para ele, se trata de um “símbolo da exclusão”, e a publicação gerou uma onda de indignação nas redes sociais que acabou tendo eco nas imprensas local e nacional.
Reprodução/Guido Bucholtz
De um lado do muro, ficam as casas de Neuperlach; do outro, um albergue para refugiados
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“O muro, tal como se ergue agora, é o contrário do que entendo por integração”, afirmou Bucholtz ao jornal Bild.
Os moradores não só exigiram uma altura para o mundo, mas reivindicaram, além disso, que ele fosse construído de tal maneira que o tornasse impossível de ser escalado. O vídeo do político abre com imagens do Muro de Berlim e de sua queda, lembrando as semelhanças entre os dos fatos.
Um dos moradores, Stephan Reich, de 59 anos, afirmou ao jornal Bild que não tem “nada contra” o centro de amparo porque a cidade tem que “abrigar essa gente em algum lugar”.
“Mas 160 pessoas farão um barulho considerável e nós queremos poder continuar vivendo aqui com tranquilidade. Se fosse um ginásio poliesportivo também teríamos entrado com a ação”, garantiu.
Reprodução/Guido Bucholtz
Moradores da região pediram construção de muro de isolamento acústico entre casas e albergue
O vídeo de Bucholtz gerou todos os tipos de comentários contra o muro, apesar de também haver pessoas que “compreenderam” o pedido dos vizinhos. Outras manifestaram clara rejeição aos refugiados.
“Tomara que ergam muitos muros para proteger o povo alemão”, escreveu um dos usuários que comentou na gravação. Outro lamentou que, com o “muro da vergonha”, os moradores “inconscientes” jogaram no lixo o nome do bairro. “É uma materialização perfeita da xenófoba política contra os refugiados”, afirmou.
(*) Com Efe