Subiu para sete o número de mortos no desabamento de um pedaço da geleira da Marmolada, na Itália, em uma tragédia que é atribuída por ambientalistas à crise climática. O sétimo corpo foi recuperado nesta segunda-feira (04/07), mas os trabalhos de busca prosseguem para encontrar as cerca de 18 pessoas ainda desaparecidas.
O desabamento ocorreu no começo da tarde de domingo (03/07), na geleira que domina a montanha Marmolada, conhecida como “rainha das Dolomitas” por ser a mais alta dessa cordilheira, que atravessa o extremo-norte da Itália, com 3.343 metros de altitude.
Além dos sete mortos e dos 18 desaparecidos, o incidente deixou oito feridos, sendo que dois estão em estado grave. Entre os falecidos estão pelo menos três cidadãos italianos e um da República Tcheca – dos quais dois eram guias alpinos.
As buscas prosseguiram durante toda a madrugada, com o auxílio de drones equipados com câmeras térmicas. No entanto, o calor na região nesta época do ano torna as buscas mais perigosas devido ao risco de novos desabamentos.
O premiê da Itália, Mario Draghi, e o governador do Vêneto, Luca Zaia, se deslocaram também nesta segunda-feira para Canazei, nos arredores da Marmolada, para acompanhar as operações de resgate.
Por sua vez, o papa Francisco disse que reza pelas vítimas e por suas famílias e alertou para a crise climática no planeta. “As tragédias que estamos vivendo com as mudanças climáticas devem nos incentivar a buscar urgentemente novos caminhos de respeito pelas pessoas e pela natureza”, acrescentou o pontífice por meio das redes sociais.
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Calor na região nesta época do ano torna buscas mais perigosas devido ao risco de novos desabamentos
Crise climática
O acidente ocorreu em meio a uma das piores secas das últimas décadas na Itália, com drásticas reduções na cobertura nevosa das geleiras do extremo-norte do país devido aos baixos índices de precipitações.
Um estudo científico divulgado em meados de junho aponta que a camada de neve na geleira da Marmolada no fim de maio era de 714 milímetros, número 50% menor que a média do período. Além disso, o glaciar já perdeu mais de 80% de seu volume nos últimos 80 anos, e previsões apontam que ele pode desaparecer antes de 2050.
É comum ocorrer desabamentos em geleiras durante os meses de verão, mas esses incidentes estão acontecendo em altitudes cada vez mais elevadas e fora de época.
“Este ano é excepcional devido às poucas precipitações e ao calor, fazendo com que a fusão da cobertura nevosa do gelo em grande altitude tenha ocorrido de um a dois meses antes do normal. As previsões nos dizem que ainda temos pela frente três meses de calor, então o evento de ontem na Marmolada pode se repetir com maior frequência”, alertou o climatologista Roberto Barbiero, da Agência de Proteção Ambiental da Província de Trento.
“O aumento da temperatura nos Alpes já é um dado confirmado, com um índice de aquecimento que é o dobro da média global. Os glaciares nos cumes italianos são mais afetados pela redução [do tamanho] em relação aos austríacos e suíços porque estão mais expostos ao sol e a fluxos de ar quente”, acrescentou Barbiero.
(*) Com Ansa